Autor: Filipe Manuel Neto
**O mais "adulto" e emotivo filme da franquia.**
Toy Story foi um gigantesco sucesso. Os dois primeiros filmes foram aclamados pela crítica especializada e um sucesso esmagador de bilheteira. Não foi, por isso, de ânimo leve que a Pixar fez um terceiro filme. Mas aqui os anos já passaram, o Andy cresceu, vai para fora de casa, para a faculdade. Está a entrar no "mundo dos adultos" e os brinquedos, como aconteceu connosco, ficam para trás. E se há alguns, como eu mesmo, que nunca foram capazes de se desfazer deles e preferiram guardá-los cuidadosamente, outros como o Andy doam-nos aonde poderão ser usados por outras crianças. E é assim que os brinquedos que já conhecemos acabam numa creche. Até o velho Woody, e o Buzz, que Andy tencionava conservar com ele mas que acabam por ficar no saco da doação. Inicialmente tudo corre bem mas, após uma série de incidentes desagradáveis, os brinquedos decidem que o melhor a fazer é tentar voltar para casa, mesmo que o seu dono os tenha esquecido.
Desta vez, a direcção do filme é assegurada por Lee Unkrich, mas ele foi capaz de arcar com a tarefa de uma forma satisfatória e capaz, tendo trabalhado como vice-director nos dois filmes anteriores. O filme manteve as vozes dos dois primeiros filmes para os personagens centrais da trama, e elas continuam a fazer um bom trabalho. Assim, apesar da mudança na cadeira do director, a sensação é de continuidade e de um conjunto com os dois filmes anteriores. Quer prova mais evidente da importância, no cinema, de uma equipa coesa e eficaz?
A adolescência e o destino dos brinquedos após os seus donos crescerem são questões importantes na trama deste filme que, por isso, possui uma certa carga emocional. Já o anterior filme abordava essas questões, mas fazia-o de uma forma mais suave. Alguns brinquedos têm, no seu passado, histórias tristes de abandono que nos comovem e emocionam, não só porque também crescemos, mas principalmente porque nos sentimos tocados por estas simpáticas personagens, que têm tanto das memórias de cada um de nós. Quase todos nós tivemos um daqueles brinquedos ou um qualquer que era parecido. Tudo isto faz deste filme o mais emotivo e "adulto" da franquia até à data.
Este filme, como os seus predecessores, foi um grande sucesso de bilheteira e teve o apoio da crítica, o que lhe permitiu ganhar vários prémios, de entre os quais o Globo de Ouro do Melhor Filme de Animação, o BAFTA para a mesma categoria e os Óscares para Melhor Filme Animado e Melhor Canção Original (para "We Belong Together", uma canção que, sinceramente, não chega sequer aos pés das canções principais dos dois filmes anteriores). Um filme para toda a família, mantém a lealdade do público dos primeiros filmes e ainda conquista novas audiências.
Tem havido algumas especulações sobre um quarto filme para os próximos anos. Se acontecer, espero que seja um digno sucessor dos filmes anteriores.
Em 17 Feb 2018