Autor: Filipe Manuel Neto
**Difícil de agradar ao público geral, vai certamente agradar aos amantes do cinema.**
Este filme é sobre outro filme: retrata ficcionalmente, as filmagens do icónico filme mudo "Nosferatu", de 1922. A lógica do filme repousa sobre um mito urbano, segundo o qual Friedrich Murnau (director do filme) contratou um verdadeiro vampiro para o papel principal.
O problema com este filme é que, a menos que você seja um fã de cinema, dificilmente conhecerá "Nosferatu" o suficiente para saber da existência desse mito, e isso torna este filme ilógico. O segredo para entender o filme também passa por uma ou duas questões que são implicitamente colocadas. A primeira é fácil: até onde devemos ir em nome da arte? A segunda pergunta é quem é o pior monstro: Orlock, com o seu desejo de sangue, ou Murnau, com a sua cegueira artística?
Eu realmente gostei do desempenho de Willem Defoe, que deu vida ao actor vampiro. Não só foi capaz de recriar os gestos e modos afectados da personagem que vemos no filme mudo, como o fez de modo misterioso e fatalista na maneira como pensa e se comporta. John Malkovich também brilhou no papel de um cineasta obcecado, e tem algumas frases que são verdadeiras homenagens ao cinema.
A cinematografia e a beleza visual dos créditos de abertura, em tons de preto e sépia, são outros aspectos positivos de um filme que não agradará ao público geral, mas que é perfeitamente capaz de agradar ao público mais qualificado e experiente.
Em 25 Aug 2018