Autor: Pedro Quintão
Descobri Daddy’s Head através de uma imagem que, devo admitir, me deixou ligeiramente perturbado. Como bom apreciador de terror, não resisti a pesquisar mais sobre o filme. A sua premissa era promissora, aquela mistura familiar de mistério e terror psicológico que, quando bem feito, pode realmente agarrar o espectador levou-me a ver o filme e foi aí que a desilusão começou.
O filme parte de uma ideia que, à primeira vista, até parecia ter potencial. Não é um slowburn, mas também está longe de ser um filme desenhado para agradar às massas. Daddy’s Head demora a construir a sua narrativa, e não necessariamente da melhor forma. Há um certo arrastar da história, uma lentidão que poderia ser usada para gerar tensão ou suspense, mas que aqui acaba por ser um aglomerado de clichés. O terror e o suspense são introduzidos de forma forçada, sem aquele toque de engenho e charme que nos cativa.
E por falar em clichés. Daddy’s Head é um verdadeiro aglomerado de ideias recicladas de diversas obras dos últimos 20 anos do género de terror que nos empurram para uma experiência morna, desprovida de impacto.
O que me deixou, de certa forma, intrigado foi a dinâmica entre os protagonistas. As personagens estão surpreendentemente bem escritas para um filme sem personalidade. Gostei da dinâmica da relação entre a madrasta e o enteado que, em muitos momentos, me deixou mais interessado em ver como essa interação se desenvolvia do que propriamente com a narrativa principal.
Não vou dizer que Daddy’s Head seja um péssimo filme, porque isso seria um exagero. É minimamente competente no que faz. A fotografia está aceitável e o trabalho dos atores, mesmo limitado pelo guião, é suficiente para manter o espectador interessado. No entanto, o filme não tem qualquer personalidade artística. Falta-lhe aquela faísca que distingue os bons filmes de terror dos que apenas tentam ser. É o típico filme que serve para passar o tempo, mas que rapidamente cai no esquecimento e que nunca nos leva a lado nenhum. Como se diz no Norte de Portugal, estamos perante uma produção que "não f*de, nem sai de cima". Mesmo assim, assistam, pode ser que apreciem mais do que eu.
Em 19 Oct 2024