Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme, cheio de detalhes e verosimilhança histórica, mas dolorosamente longo sem ter necessidade disso.**
Já vi dois dos filmes mais renomados de Akira Kurosawa e, muito sinceramente, continuo sem conseguir entender a razão pela qual este director japonês é tão comummente considerado um génio do cinema. Os filmes dele são bastante bons, são minuciosos, há muita atenção com os detalhes, mas não são particularmente inesquecíveis… é o que eu penso.
Este filme é uma adaptação da trama de “Rei Lear”, de Shakespeare: um senhor da guerra, em plena época feudal japonesa, decide retirar-se e dividir as suas terras, poder e castelos entre os seus três filhos. Apenas um deles discorda e avisa-o de que é altamente improvável que eles se venham a manter unidos como irmãos, o que provoca a ira do velho pai. Todavia, o futuro vem dar razão às palavras do filho mais novo quando os dois irmãos mais velhos desprezam o seu pai e começam os conflitos. Enlouquecido e acompanhado apenas por um bobo, o velho acaba louco enquanto os irmãos se guerreiam entre si.
Não falarei do elenco porque não conheço estes actores. Posso apenas dizer que trabalharam bem, dentro do contexto e do tipo de filme que estamos a falar. Há uma estilização excessiva, quer ao nível da interpretação, quer ao nível dos diálogos, que soa teatral, forçada, mas não sei se isso foi propositado. A nível técnico, o filme tem imensos pontos a seu favor, começando por uma excelente cinematografia, bastante colorida e com boa luz. Os cenários são soberbos, em particular os castelos, recriados ao mínimo detalhe, e os figurinos também são bons, bonitos e historicamente credíveis. Acho que não estarei a ser injusto se disser que este filme deve ter, provavelmente, algumas das melhores cenas de guerra dos filmes de época passados no Japão. Não há CGI, os efeitos especiais foram usados criteriosamente e a guerra foi recriada de modo a ser o mais autêntica possível, com centenas de figurantes vestidos a preceito e muito esforço por parte da produção. Para um historiador, não é possível pedir mais.
O grande problema neste filme é que não foi feito para entreter, mas para fazer pensar, e está cheio de cenas e sequências destinadas a levar o espectador a pensar sobre o que está a ver. É algo que resultaria, se não fosse por vezes excessivamente críptico. O público precisa entender o que o director quer transmitir, e isso muitas vezes não acontece. Além disso, é um filme que não poupa o público: começa muito bem, termina muito bem, mas tudo o que está no meio é insuportavelmente prolongado e distendido. O que poderia ser dito ou feito em dois minutos é feito em cinco minutos e há diversos diálogos e cenas que não parecem ter qualquer função, além de fazer o filme demorar mais tempo.
Em 23 Apr 2023
Autor: Themoviewatcher
Fantástico, incrível, perfeito
E daí que é longo? Tem medo de filme comprido?
Eu hein
Em 08 Aug 2024