Autor: Filipe Manuel Neto
**Um tiro nos pés: este filme marca, para mim, o declínio da franquia.**
No quinto filme da franquia “Academia de Polícia”, acompanhamos as personagens que todos já conhecem numa viagem a Miami para uma convenção nacional de polícias onde o veterano Comandante Lassard, em vias de se reformar e de abandonar o comando da academia, vai ser homenageado. O roteiro é suficientemente decente, mas não podemos ignorar que, ao cabo de quatro filmes, o material cómico está desgastado e já não nos faz rir como dantes. A solução da produção foi mudar de localização, o que não foi tão eficaz quanto se poderia pensar: já noutros filmes havíamos tido imensas piadas de praia.
O filme mantém muitas caras conhecidas de todos os que viram os filmes anteriores. Porém, foi incapaz de reunir a totalidade do elenco, não contando com Steve Guttenberg, Tim Kazurinsky e Bob Goldthwait, actores que optaram por não fazer parte deste projecto e que tiveram a sua relevância (especialmente Guttenberg) nos filmes anteriores. Consequência directa, o filme dá mais atenção a actores que haviam permanecido na sombra, caso de Bubba Smith, que faz uma boa performance aqui. Michael Winslow, Leslie Easterbrook, George Graf e Marion Ramsey também estão presentes neste filme, mas limitam-se a fazer mais do que haviam feito antes, e a sua colaboração não traz novidades. George Gaynes também tem mais protagonismo aqui, e o actor explorou-o muito bem, mas é a dupla formada por Lance Kinsey e G. W. Bailey que nos faz rir e rouba todas as atenções graças às suas tropelias. Matt McCoy foi particularmente fraco e não merece continuar na franquia.
Tecnicamente, o filme conserva muitos aspectos dos filmes anteriores da franquia, tais como os figurinos, a cinematografia e os efeitos. Aproveita bem as cenas aéreas e as paisagens de Miami, com os seus hotéis e áreas húmidas, mas fiquei com a sensação de que o local foi escolhido para permitir o maior número possível de mulheres em biquíni, pura e simplesmente. Os cenários são decentes, ainda que existam por vezes problemas (aquela porta de avião que é facilmente arrancada e demonstra ser leve é, evidentemente, falsa). O filme não é longo, não perde tempo e foi bem editado, mas a cena final no pântano é decepcionante: creio que foi a terceira vez que um filme da “Academia de Polícia” terminou com uma perseguição qualquer, e o que foi feito aqui é, virtualmente, a cópia de uma cena semelhante noutro filme da franquia.
Em 15 Oct 2022