Autor: Filipe Manuel Neto
**Um remake escusado e desnecessário, mas que foi muito bem feito e não desrespeita o filme original.**
O que é que, geralmente, acontece quando sai um remake de um filme tão consagrado e tão bem lembrado que é considerado um clássico? Por norma, nós tendemos a achar que o remake era totalmente desnecessário e que o original é sempre melhor. Este filme, de facto, é um remake que tem tudo para ser considerado desnecessário e, talvez por causa disso, foi colocado um pouco de lado por quase toda a gente. Não foi um filme que deu nas vistas, foi automaticamente para o mercado televisivo sem sequer passar pelas salas de cinema e desapareceu tranquilamente.
Tenho de reconhecer que este remake não era necessário. O filme original tem um valor incrível e não carecia de semelhante coisa. Todavia, esta produção para a televisão tem, também, algum valor e alguns méritos que não podemos deixar de observar, sob pena de não estarmos a ser justos. E o elenco é, talvez, um dos maiores méritos do filme, que vai manter as personagens do original, tendo extremo cuidado na releitura de algumas delas e na inclusão de maior mistura racial. E podemos dizer que todos os actores contratados são bons, e todos fazem um trabalho verdadeiramente exemplar. Jack Lemmon e George Scott merecem todo o destaque, com interpretações colossais e carregadas de força, mas também vale a pena ver o trabalho de James Gandolfini, Ossie Davis, Hume Cronyn ou Dorian Harewood.
O filme também funciona muito bem, considerando que é um filme para a TV. Não sei se posso dizer que tem características cinemáticas, mas não me chocaria vê-lo na sala de cinema. A cinematografia é bastante boa, o cenários e os figurinos cumprem com o que se espera encontrar e o filme é, na prática, uma cópia modernizada da sua versão antiga. Era escusado, não vai nunca tomar o lugar do filme original, mas mesmo assim acabou por ser um remake bem feito.
Em 21 Jul 2023