Autor: Pedro Quintão
"Longlegs" tem sido promovido como um dos filmes de terror mais assustadores dos últimos tempos, e a campanha de marketing inteligente ajudou a criar altas expectativas. No entanto, essa estratégia também resultou em uma percepção exagerada, levando alguns espectadores a sentirem-se desapontados com o produto final. "Longlegs" aproxima-se mais de um thriller sombrio do que de um filme de terror convencional, o que pode frustrar aqueles que esperavam uma abordagem típica do género.
A narrativa é envolvente, especialmente na forma como a investigação e a caça ao assassino são conduzidas. A atmosfera sombria, profana e satânica contribui significativamente para a atmosfera que permeia o filme. Do ponto de vista técnico, a obra é brilhante, a cinematografia e a edição sonora são fantásticas, contribuindo para a criação de um ambiente denso e carregado de tensão. No entanto, é a interpretação de Nicolas Cage que realmente se destaca. O ator veterano dá vida a um dos serial killers mais memoráveis dos últimos tempos, tanto pela profundidade psicológica quanto pela aparência bizarra e marcante da personagem. Cage entrega uma interpretação intensa e perturbadora, sendo um dos maiores destaques do filme.
Maika Monroe, mesmo não tendo o papel mais forte da sua carreira, oferece uma interpretação sólida que complementa bem a narrativa, mas gostava que a sua personagem pudesse ter sido mais desenvolvida, especialmente no que diz respeito aos poderes psíquicos que possui. Um aspeto que poderia ter sido explorado com maior profundidade.
O ritmo do filme pode ser considerado lento para alguns, mas pessoalmente, achei-o envolvente. A sensação de imersão foi tão intensa que não dei conta do tempo passar. Cada cena parecia cuidadosamente construída para manter o espectador atento e intrigado e é inevitável não falar da mórbida presença do diabo como plano de fundo em alguns momentos, que nos obriga a tomarmos atenção a cada detalhe em cada cena desta produção e torna o clima ainda mais surreal.
"Longlegs" não é uma obra-prima, mas destaca-se por fugir do convencional. A originalidade e a ousadia são, para mim, aspetos fantásticos. Quer gostemos ou não, o cinema precisa de mais filmes que se atrevam a sair da zona de conforto e oferecer algo novo e inesperado. Longe de ser perfeita, é uma experiência cinematográfica única que merece ser apreciada por quem estiver aberto a novas perspetivas dentro do género.
Em 29 Jul 2024