Esqueceram de Mim 4

Autor: Filipe Manuel Neto

**Um filme tão nojento que até o próprio director odiou tê-lo feito.** Quando eu escrevo o que penso de um filme eu tenho uma regra: primeiro tenho de o ver, mesmo que já o tenha visto anteriormente e já o conheça, faço questão de o rever para o analisar com outros olhos e refrescar a memória, rever detalhes que me tenham escapado. Este, até onde me recordo, foi o único filme acerca do qual decidi escrever e que não fui capaz de ver na sua totalidade: desisti após mais de metade, enojado com o que me foi apresentado e revoltado com aquilo que foi feito. Qualquer semelhança entre este filme e os seus antecessores é mero fruto do aproveitamento parasitário dos produtores, que nos deram um trabalho absurdamente mau como se fosse uma sequela ou continuação de uma franquia que o público aprecia e respeita. O filme não tem, pura e simplesmente, ponta por onde se pegue, é uma segada de erros e amadorismo que seria indigna até de um estudante do primeiro ano do curso de Cinema. A edição é amadora, o trabalho de filmagem é feio e mal executado, a cinematografia foi capaz de ser pior do que muitos telefilmes baratos. Foi o último filme dirigido por Rod Daniel, que teve a sensatez de nunca mais se sentar na cadeira desde então: ele sabia que era um péssimo director, sabia que os seus filmes só teriam lugar digno na lata do lixo e era o primeiro a admitir que os detestava e que só estava a fazê-lo pelo dinheiro. Era um bom pai de família, não há dúvidas de que fez tudo para o ser, mas o cinema não terá saudades dele (e era recíproco, tanto quanto sei). Quanto ao argumento escrito, que podemos nós dizer? A produção manteve John Hughes, autor das histórias dos filmes anteriores e que poderia, realmente, ter ajudado a salvar este de um total descalabro, mas desta vez obrigou-o a colaborar com Debra Frank, que deve estar por detrás do pedaço de lixo a que eles chamaram argumento. A história é rasa, mal escrita, episódica e limita-se quase a mastigar e cuspir elementos dos filmes anteriores, o que nos deixa a certeza de que já vimos isto antes, mas muito melhor. Quanto aos diálogos e desenvolvimento das personagens, são tão miseravelmente fracos que um dramaturgo de liceu teria feito algo melhor. Não sei se vale realmente a pena falar dos “actores”. Não eram actores, não lhes podemos chamar isso, porque é um insulto a pessoas talentosas que nos oferecem realmente bons trabalhos de interpretação. Eu não sei como foi feito o casting, mas tudo o que podia ter corrido mal, correu mal. Michael Wineburg foi o único que tentou, e parece ser o único a esforçar-se verdadeiramente para fazer algo decente, mas não tem a experiência que é necessária para contornar tamanhas dificuldades. O resto do elenco teria feito melhor se enviasse currículos para qualquer supermercado de bairro. O cinema não é para eles.