Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma nova história e uma nova vida para a Enterprise.**
A franquia "Star Trek" começou nos anos setenta, em função da enorme popularidade da série de TV. Os filmes tiveram muito sucesso, apesar de nem todos serem de facto bons. Essa franquia teve já duas vidas, dois ciclos, se assim quisermos chamar: o "ciclo Kirk" e o "ciclo Picard". Agora, tudo recomeça do zero.
Esqueça tudo o que viu, tudo o que está para trás. Este filme rompe com o passado à medida que reinicia toda a história. Isso não é difÃcil: a série original, dos anos sessenta, já só é virtualmente conhecida dos "trekkies" mais acérrimos, ao passo que os filmes foram também caindo no esquecimento. É um verdadeiro "reboot", um exercÃcio cinematográfico que deve ser feito com muita cautela, mas que teve aqui um bom desenvolvimento e deu origem a um bom filme. Não me choca ver a forma como as personagens foram reinventadas, até achei refrescante.
Apesar dos filmes anteriores, apostou-se fortemente em efeitos especiais e CGI. Isso tornou-o visualmente fantástico, mesmo quando o CGI parece muito irrealista (o efeito criado quando a "Enterprise" passa, deformando o espaço em redor, parece-se cada vez mais com uma espécie de submarino a navegar rapidamente).
Os actores fizeram um trabalho muito positivo. O ponto menos bem conseguido foi o romance entre Spock e Uhura, com Kirk a tentar um infeliz triângulo amoroso com eles. Isso parecia estranho na trama, mesmo considerando o comportamento irresponsável e teimoso de Kirk. Gostei de rever Leonard Nimoy na personagem que lhe valeu a fama e o sucesso, ainda que tenha sido uma aparição breve e em tom de despedida. A banda sonora é, de longe, muito mais interessante do que as dos filmes anteriores, misturando os temas do cinema e da série de TV numa só banda sonora única e inconfundÃvel, que fica no ouvido por muito tempo.
Em 22 Aug 2018