Autor: Filipe Manuel Neto
**Começa muito bem, mas decepciona no final.**
Este filme começa muito bem e aproveita boas premissas de terror que, todavia, não são nada de verdadeiramente novo: já outros filmes usaram os espelhos, e as suas ligações sobrenaturais e psicológicas. Neste caso, o filme traz uma boa história de fantasmas envolvendo os espelhos de um antigo grande armazém comercial luxuoso. Todavia, o director e roteirista Alexandre Aja não foi capaz de nos dar uma conclusão satisfatória para um filme que começa tão bem.
O roteiro, realmente, começa da melhor forma, introduzindo-nos a personagem principal, um ex-polícia nova-iorquino que matou uma pessoa num tiroteio, ficando psicologicamente abalado e abandonando a polícia. Com o alcoolismo, o fim da sua carreira e do casamento, o indesejado posto como guarda nocturno num prédio abandonado é irrecusável. E é assim que conhecemos o Mayflower, uma luxuosa loja de departamentos, com vários pisos, que ficou muito danificada num incêndio. Não irá demorar muito para ele descobrir que o edifício tem um passado e que há algo de tenebroso que procura fazer o mal através dos espelhos da loja.
O maior problema que encontrei neste filme é a maneira insípida como dá conclusão à história. De facto, ao enveredar pelos clichés arcaicos que envolvem os hospitais psiquiátricos, o filme decepciona-nos completamente e introduzir uma freira na história foi ainda mais estranho. Nem quero falar no final aberto, suficientemente mau para nos fazer querer esbofetear o director do filme. Há, porém, boas cenas de terror, mortes assaz macabras para nos fazer arregalar os olhos e um bom trabalho de ‘suspense’ e ambiente que conferem ao filme uma tensão agradável.
O elenco é liderado por Kiefer Sutherland, actor suficientemente capaz para a tarefa, mas que, no entanto, não vai além da mediania. Mesmo assim, ele é o melhor actor presente e o que mais se destaca. Jason Flemyng e Julian Glover quase não aparecem, Paula Patton e Amy Smart são enfadonhas e parecem estar ali apenas porque é preciso ter uma ou duas actrizes bonitas para o filme funcionar.
Tecnicamente, o filme exibe uma cinematografia muito boa e bem executada, que tira o máximo proveito do edifício decadente (situado em Bucareste, capital da Roménia) e da escuridão que impera no interior. O filme conta, ainda, com bons cenários e uma banda sonora eficaz, ainda que não seja memorável.
Em 26 Feb 2022