Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme capaz de entreter e com bons actores e sentido épico, mas que tem problemas e parece um documentário.**
Este é mais um de vários filmes de guerra, de tom épico e ambientados na Segunda Guerra Mundial, que saíram ao longo das décadas de 60 e 70. Sem surpresas, é muito parecido com eles e padece dos mesmos problemas.
Desta vez, o centro da acção do filme é a Batalha das Ardenas, ou de Bulge, uma grande contra-ofensiva alemã na região dos Países Baixos que foi pensada para quebrar as linhas Aliadas, separando ingleses e americanos para os combater isoladamente e forçar uma trégua na Frente Ocidental. Isso permitiria aos alemães, em teoria, concentrar forças contra os soviéticos, que se estavam a revelar imparáveis. De início tudo correu como planeado, com as divisões blindadas alemãs a progredirem rapidamente e o nevoeiro a não permitir as manobras da aviação aliada. Porém, a melhoria do estado do tempo, a formação de bolsas de resistência em cidades como Bastogne e um terreno pouco simpático aos tanques deu tempo aos Aliados para se reorganizarem e darem a volta por cima, enviando os Alemães novamente para trás... isto é literalmente o que nos dizem os livros de história. Tal como acontece com outros filmes deste tipo, falta roteiro que vá para além da batalha em si. Parece um documentário, ou uma recreação dos eventos da batalha.
Henry Fonda foi bastante bom neste filme e mostrou ter talento, mas acho que o filme e a personagem não ajudaram nem lhe deram todo o espaço necessário para brilhar. Robert Ryan, Werner Peters, Pier Angeli e Telly Savalas também fizeram um bom trabalho, particularmente este último, sendo muito interessante a transformação psicológica pela qual a personagem dele passa. George Montgomery tem uma personagem que passa por algo semelhante, mas não me cativou tanto. Charles Bronson também entra neste filme, mas confesso que nem o reconheci sem o famoso bigode dele. Hans Christian Blech tocou-me particularmente, com a sua dedicação aos filhos e a sua ânsia por paz fazendo um belo e muito humano contraponto ao estilo duro e frio do seu comandante, interpretado brilhantemente por Robert Shaw... ele de facto rouba as atenções sempre que aparece, fazendo um belo trabalho, talvez uma das interpretações mais marcantes da carreira dele.
Tecnicamente, o filme tem prós e contras. O filme tem uma boa cinematografia e boas filmagens, os tanques são impressionantes, tem um excelente clímax e um final intenso e bem feito. Também tem bons cenários e figurinos muito detalhados. Por outro lado, a banda sonora é bastante pouco interessante, muitos dos adereços e armamento não são da época da batalha mas sim de cronologias mais tardias e o filme parece-me um pouco longo.
Em 22 Apr 2020