Capitão América

Autor: Filipe Manuel Neto

**Terrível.** Olhar para este filme, e depois compará-lo aos mais recentes filmes de super-heróis, é como ver um jogo de futebol da terceira divisão nacional e tentar compará-lo com qualquer jogo da Liga dos Campeões Europeus. É quase injusto tecer essa comparação que, apesar disso, é quase uma inevitabilidade. De facto, em 1990, estávamos muito longe do espectáculo visual que o CGI nos habituou, e que revolucionou o cinema a todos os níveis. Só isso, e a cinematografia, seriam o bastante para que este filme nos parecesse primitivo. Porém, este filme tem uma má história, mal desenvolvida e interpretada de modo sofrível por actores de segunda categoria, dirigidos por Albert Pyun, nome que instantaneamente nos transporta ao universo dos filmes B e “trash”. O resultado, portanto, era previsível. Em vez de um jogo da terceira divisão nacional, este filme está mais próximo de um jogo do torneio municipal interescolar. Surpreendentemente, o filme até começa bem: sem perder tempo com introduções, revela-nos a criação dos dois rivais: o Caveira Vermelha e o Capitão América, cujas origens estão ligadas, algo que o filme revela e explora razoavelmente. Porém, o roteiro, escrito por Stephen Tolkin, não se revelou capaz de dar um desenvolvimento à história que, a partir de certo ponto, se torna irritante, previsível, desinteressante. O final é tão anticlimático que não creio que valha a pena falar muito dele. Matt Salinger não é um mau actor, mas não nasceu para ser protagonista nem é particularmente talentoso. Ele parece esforçar-se e tenta levar-se a si mesmo tão a sério que soa forçado. Teria, talvez, sido melhor que ele tentasse divertir-se um pouco mais com a sua personagem e fazer o filme soar engraçado. Não o fez, e tornou-se horrível, e ajudou muito a tirar a graça a um filme que, de outro modo, podia, pelo menos, ter ficado engraçado. É pena.