Autor: Filipe Manuel Neto
**Afinal, é possível fazer um filme para adolescentes sem humor de caserna e obsessões por sexo.**
Durante os anos 80, houve uma explosão de filmes dirigidos ao público jovem, e este é, talvez, um dos mais interessantes, embora seja tão esquecível quanto quase todos. Claro, encaixa-se dentro do pensamento jovem da altura: rebeldia, revolta contra as instituições e contra os pais, incapazes de compreender os filhos, mas combina muito bem o humor, a ousadia jovem e uma certa educação que não dá espaço a linguagens ou situações mais brejeiras. Afinal, é possível fazer um filme para jovens engraçado sem piadas de caserna ou de república universitária, e sem uma obsessão permanente por sexo.
O roteiro ambienta-se num instituto universitário (ou pré-universitário) onde jovens com grande capacidade mental e engenho são recrutados para projectos científicos avançados. Acontece que um deles é, na verdade, uma superarma secreta que o Exército dos EUA planeia ter, algo que nem sequer estes jovens sabem. Em meio a isto, os habituais conflitos e interacções amigáveis entre jovens, a rebeldia de um deles para com a própria instituição e as suas regras, festas clandestinas e outras rapaziadas.
O roteiro é bastante criativo e a concepção técnica do filme merece um louvor, graças aos bons cenários, efeitos especiais, edição e cinematografia. Porém, o que alavanca o filme é o trabalho despretensioso e espirituoso do jovem Val Kilmer, que nos mostra que o actor era mesmo talentoso quando não tinha tiques de estrela de cinema ou tentava ser o galã, como em filmes posteriores. Gabriel Jarret, de que nunca ouvi falar, faz um trabalho bem feito no papel principal. Foi uma pena que não tenha evoluído. William Atherton também se desembaraça bem, numa personagem que tinha de ser desagradável.
Em 27 Mar 2024