Autor: Filipe Manuel Neto
**Não fiquei fã, mas reconheço que é um grande filme.**
Acabei de ver este filme e, sinceramente, não sei bem o que pensar. Não me cativou particularmente, mas reconheço a qualidade do que acabei de ver.
O filme aborda o tema do fim da civilização maia, e é eficaz na forma como o faz. O filme aposta seriamente no realismo e na credibilidade histórica, e isso foi uma vantagem e um ponto muito positivo. O uso de uma linguagem que soa ameríndia - e que desconheço se existe ou foi criada para o filme - enquadra-se nessa aposta. Não é um filme para todos os gostos - e eu sou a prova viva disso, pois não gostei particularmente dele - e nem para qualquer público, na medida em que exibe bastante nudez tribal, assassinatos violentos, sangue e violência. Tinha de ser, se queriam mostrar os Maias como eles realmente foram: um povo cruel, que apaziguava os seus deuses através do assassinato, sistemático e violento, de populações inteiras de tribos vizinhas.
Mel Gibson é um bom actor e, com o passar do tempo e o acumulo de experiência, tornou-se um bom director. Neste filme, ele usou tudo o que aprendeu e de facto oferece-nos um expectáculo excepcional. Não sei se valerá muito a pena falar dos actores, pois nenhum nome conhecido figura no cartaz (a aposta no realismo chegou a esse ponto). Rudy Youngblood é o nome do actor que interpreta a personagem central do filme, Pata-de-Jaguar, mas nós não vemos este filme pela qualidade do elenco. A verdade é essa. A fotografia é incrível, faz excelente uso das cores (as matas verdadeiramente verdes, o colorido das pinturas corporais e tatuagens), mantém um bom ritmo mesmo nas cenas de perseguição e de maior tensão. A banda-sonora é igualmente excelente e usa bem os sons que estamos acostumados a associar ao universo tribal sul-americano.
Eu preciso mesmo de dizer que este filme não deve, absolutamente, ser visto por crianças ou pessoas impressionáveis? Acho que não, não é? Apesar de eu não sentir grande ligação com este filme, ele é definitivamente um excelente filme e merece ser visto pelo menos uma vez na vida.
Em 23 Oct 2019