Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma sequela hábil e inteligente, e um bom filme de aventuras para passar algum tempo em família.**
Gostei bastante do primeiro filme, um dos melhores filmes de capa e espada modernos, e não esperava nada muito inferior deste filme, que têm o condão de conseguir criar uma boa linha de continuidade com o seu antecessor. A acção passa-se alguns anos depois, durante a efémera República da Califórnia, que havia conseguido a independência para se unir aos EUA. No filme, o casamento de Diego e Elena está a desfazer-se e eles acabam separados. Ela é então coagida a trabalhar para os Pinkerton's, que procuram vigiar um aristocrata europeu que acabara de se mudar para a região e que Elena já conhecia da sua juventude. Entretanto, Diego tenta manter-se activo como Zorro e conciliar isso com as obrigações enquanto pai do jovem e voluntarioso Joaquin, um profundo admirado do herói mascarado que não sabe, ainda, a vida dupla do pai.
Apesar de ser, indubitavelmente, um bom filme, é ligeiramente mais fraco que o predecessor porque tem um roteiro mais complicado e que tenta fazer mais coisas ao mesmo tempo. Diego, Elena e Joaquin vão agindo isoladamente, por sua própria conta, contra vários adversários. Isso não é uma coisa má, apenas diferente: o filme tem imensa acção e aventura, é esteticamente bonito e divertido. O que eu realmente não gostei muito é a previsibilidade da história a partir de certo ponto (sensivelmente do meio em diante) e aquela história dos Cavaleiros de Aragão, que além de ser um cliché muito idiota é algo absolutamente rebuscado.
António Banderas e Catherine Zeta Jones retomam as suas personagens habituais, como Zorro/Diego de La Vega e Elena de La Vega, respectivamente, e são muito bons a dar-lhes vida, o que é um excelente ponto a favor de todo o filme. As melhores cenas do filme, além das lutas e cenas de acção, são as várias cenas onde ambos contracenam, com uma excelente química e um trabalho conjunto maravilhosamente desenvolvido. O jovem actor que deu vida ao filho de ambas as personagens, Adrian Alonso, não é particularmente brilhante, mas faz o que precisa e é eficaz no seu trabalho. Rufus Sewell não é uma presença desagradável, emana um ar quase aristocrático e isso tornou a sua personagem mais crível, mas não o transforma num vilão que seja realmente temível.
Tecnicamente, é um filme bastante regular, sem nada de muito especial, e os ingredientes mais habituais dos êxitos de bilheteira de aventuras de Hollywood: lutas extremamente coreografadas sem qualquer hipótese de acontecerem numa situação real, mas cinemáticas e divertidas, um estilo ligeiro, leve, educado e politicamente correcto muito comum em filmes familiares, ausência de momentos mortos graças a uma edição que imprimiu ritmo e alguma velocidade à história, um bom conjunto de cenários e figurinos que parecem bonitos, ainda que não sejam exactamente rigorosos do ponto de vista histórico e uma banda sonora animada, que puxa o ambiente para cima e torna o filme mais vivo e mais dinâmico, combinando-se harmoniosamente com toda a cinematografia, onde as cores quentes dominam o visual.
Em 28 Apr 2023
