Autor: Filipe Manuel Neto
**Guantanamo voadora.**
Este filme é um pouco baseado em verdadeiras viagens aéreas feitas para transferir criminosos condenados. Acho que não preciso dizer que a ideia de um avião cheio de correntes, barras e criminosos como feras enjauladas, é pura ficção. Apesar de ter um bom elenco e algumas cenas de acção regulares, tem uma qualidade muito pobre. O roteiro, de Scott Rosenberg, é muito irrealista e inverosímil, começando com a ideia, totalmente estúpida, de encher um avião com assassinos perigosos (um até usa uma máscara à moda do "Silêncio dos Inocentes"), lado a lado com um arsenal de armas ligeiras e polícias gordos, atulhados de donuts. Este cenário só podia terminar mal, tornando o sequestro muito previsível. Não entendo como é que a polícia teve tanta dificuldade em seguir o avião com tantos localizadores e dispositivos secretos de vigilância disponíveis na época, e ao serviço dos argumentistas e do director, Simon West. A partir daí, o filme só piora, com um enorme circo de cenas improváveis e inacreditáveis. O final é digno da Framboesa de Ouro que o filme ganhou.
Tem um bom elenco liderado por Nicolas Cage, John Malkovich e John Cusack. Também participam, entre outros, Ving Rhames, Steve Buscemi, Danny Trejo, Renoly Santiago e Dave Chappelle. No entanto, nenhuma das personagens era particularmente interessante, com excepção da de John Malkovich, que deu a Cyrus a maldade necessária, mas sem se permitir explorá-la um pouco mais. Algumas personagens tentam, principalmente através do diálogo, ensaiar momentos de humor, mas foi um tiro que saiu pela culatra. As cenas de acção são impressionantes mas existem simplesmente para exibição, e são entupidas de efeitos especiais e sonoros. Para a posteridade fica um filme de apção regular, capaz de entreter e que procura impressionar, mas que acaba por nos deixar um gosto amargo, como um bom vinho que ficou muito tempo exposto ao ar.
Em 04 Apr 2018