Autor: Filipe Manuel Neto
**Excelente, apenas peca por revelar cedo demais o que se passa.**
Quando vi este filme eu já tinha algumas expectativas, porque tinha lido boas críticas e sabia que tinha um elenco forte. A história também parecia muito boa: um diplomata britânico que tenta descobrir os assassinos da sua esposa tropeça numa trama conspirativa e corrupta entre o governo britânico e a indústria farmacêutica no Quénia.
Escusado será dizer, eu acho, que fiquei satisfeito com o filme. O tema do roteiro é forte, comovente e humano. O trabalho dos dois actores principais, Ralph Fiennes e Rachel Weisz, é muito competente, dando vida a duas personagens românticos e apaixonados, por quem é fácil nos importarmos. A personagem de Weisz em especial, ao defender valores humanos com convicção inabalável.
Fiquei a pensar sobre o quanto disto é ficção. Sabemos que a indústria farmacêutica gera milhões e isso causa (pelo menos a mim) alguma desconfiança. Já aconteceu, no passado recente, algo parecido com o que acontece neste filme? Está a acontecer agora e não sabemos? Mesmo que não seja o caso, é sempre uma boa razão para pensar em como alguns países e regiões são explorados.
Voltando ao filme em si, gostei da forma como explora visualmente as paisagens africanas, com a cinematografia a brindar-nos com cenas de uma luz e cor muito bonitas. O trabalho do director brasileiro Fernando Meirelles (na minha opinião, o melhor director de cinema brasileiro da actualidade) é muito competente e dá ao filme um suave aroma de documentário que sabe bem, embora não seja mais que uma ilusão.
Erros ou problemas? Não senti muitos mas acho que seria melhor se tivesse sido mantido por mais tempo o mistério em torno da conspiração. O público percebe cedo o que se passa e as razões por trás da morte de Tessa, e isso tira o interesse e a lógica da demanda do marido.
Em 24 Aug 2018