Autor: Filipe Manuel Neto
**Não é tão mau como geralmente se diz.**
Não sou propriamente o tipo de pessoa que gosta de filmes baseados em jogos de computador. Sempre há algo que não corre muito bem. Este filme confirma isso. Não é totalmente mau, tem acção suficiente para nos entreter, mas não é o tipo de filme que eu considere excelente.
O roteiro baseia-se nas viagens e aventuras de Lara Croft, uma nobre inglesa formada e bonita que viaja por todo o mundo em busca dos mais raros artefactos históricos e místicos. É uma espécie de Indiana Jones com saias, ou melhor, de calções. Claro que a arqueologia não tem nada a ver com roubo e violação de túmulos ou templos ou o que for, mas o filme, tal como o jogo, não se importa com isso. Neste filme, ela tem de combater os Illuminati, que procura um artefacto há muito perdido mas que, quando reconstituído, permitiria controlar o Tempo. Sem o saber, ela tinha uma parte do artefacto o tempo todo, porque o seu falecido pai, cuja morte nunca foi clara, tinha ficado com aquele objecto. Então, a aventura vem ter com ela.
O enredo é bastante simples e pouco credível, mas quem procura estes filmes geralmente não se importa com isso. É tudo apenas um pretexto para ir até uma selva num canto perdido do mundo e dar uns pontapés e tiros nuns malvados quaisquer. O ritmo rápido do filme, associado às boas cenas de acção onde, como acontece sempre, Lara Croft escapa do perigo por um fio de cabelo, ajuda-nos a engolir e mantém-nos entretidos. Sem termos de pensar muito (se o fizermos o filme desmorona-se), o filme segue até ao final, dando-nos uma série de efeitos especiais pouco interessantes e claramente feitos em computador.
Angelina Jolie precisava de dinheiro e notoriedade. Após uma carreira começada de baixo, em filmes curtos e na TV, ela tinha ficado bem em "Coleccionador de Ossos" mas foi "60 Segundos" que lhe permitiu tornar-se uma *sex simbol* se quisesse. Este filme consolidou isso, dando notoriedade aos grandes peitos da actriz e permitindo-lhe ascender na carreira e solidificar o seu estrelato. O facto de ser a única actriz com algum talento dramático neste filme ajudou-a. O elenco de apoio foi praticamente rebaixado a figurantes com falas. De facto, apesar de o filme se aproveitar dos atributos físicos generosos de Jolie, ela mostrou que não era só uma mulher com um corpo desejável. Havia talento ali e capacidade de fazer mais, se lhe fosse dado o papel certo. Isso foi uma aposta certeira, como o futuro viria a mostrar.
O filme não é nenhuma maravilha, mas não é tão mau quanto se disse. Se você procurar um filme apenas para entreter sem ter de pensar muito e estar a assistir com toda a atenção, aquele tipo de filme que vemos enquanto conversamos com alguém ou fazemos alguma outra coisa, este será uma boa aposta.
Em 22 Jan 2020