Autor: Filipe Manuel Neto
**Continua impressionante, mais de trinta anos depois da estreia.**
Este filme é um dos clássicos de acção que nunca mais saiu das televisões desde que estreou. Deu início a uma franquia cinematográfica que tardiamente se desenvolveu e que é uma das visões mais distópicas do futuro da humanidade no cinema: uma guerra de extermínio entre seres humanos e máquinas.
Neste filme, Sarah Connor é uma jovem igual a tantas outras. Todavia, ela é o alvo de um tenebroso assassino que não vai parar até a matar. Quando está prestes a conseguir, surge outro homem que a salva, e que lhe diz a verdade: o assassino é, na verdade, uma máquina complexa que foi enviada ao passado para a matar antes que possa dar à luz o comandante de uma guerrilha que, daí a cerca de cinquenta anos, vai encabeçar a guerra contra as máquinas.
Se é acção que estamos à procura, este filme leva a sério essa expectativa: aquilo que ele nos oferece é acção pura e dura, do início ao fim. Está cheio de elementos normais e bem-vindos em filmes do género: carros destruídos, perseguições de carros, carros de polícia, camiões a explodir, tiroteios na auto-estrada, carros a alta velocidade. O pessoal dos anos Oitenta e Noventa parece não ser capaz de conceber um filme de acção sem destruir carros de alguma maneira. Nada contra, mas é algo que achei curioso. Gostei muito particularmente da sequência de tiroteio na esquadra de polícia, e o final na fábrica é igualmente memorável.
Linda Hamilton é a actriz mais interessante do elenco. Ela é uma boa actriz, e revela ter talento nas cenas onde isso lhe é permitido. Digo isso porque o filme não foi simpático com ela: a única coisa que ela faz na maior parte do tempo é estar em perigo e parecer assustada e confusa. Mesmo assim, ela fez isso de forma sincera e empenhou-se. Michael Biehn tem mais tempo e oportunidades para mostrar o que vale, e também ele foi extremamente competente no seu trabalho. Mas é Arnold Schwarzenegger que lhes tira o tapete e torna o filme icónico. O filme ainda é do tempo em que o actor era apenas um monte de músculos duro como o aço e com um forte sotaque alemão mal disfarçado. Ele não podia ser melhor, e é difícil imaginar outro actor para o papel.
James Cameron assegura uma direcção inspirada. Ele soube orientar a sua equipa e tirar o melhor do seu elenco. Sendo um filme de 1984, eu estava à espera de algo diferente, muito mais datado e com aspecto arcaico e feio, como muitos filmes dessa década hoje nos parecem ser. Todavia, fiquei muito bem impressionado: a cinematografia é linda e o filme é nítido e está excelentemente bem filmado; os cenários e figurinos são, claro, o reflexo da época em que ele foi filmado, mas isso era expectável e fica bem assim. E os efeitos visuais e especiais? Tudo bem, estou disposto a conceder que parecem arcaicos aos nossos olhos, mas aqui o defeito é nosso. James Cameron é um perito em efeitos e usou o melhor que havia… em 1984. E de facto, se considerarmos a idade do filme, os efeitos especiais vão parecer muito mais magníficos. Antes de terminar, uma palavra de louvor para o tema principal da banda sonora, concebida por Brad Fiedel em sintetizador e, sem dúvida, uma das músicas mais marcantes concebidas para cinema.
Em 29 Jan 2021