Autor: Filipe Manuel Neto
**A ovelha negra da família**
Este filme termina a história de "O Padrinho", que narra a jornada da família Corleone através do mundo violento do crime organizado. Neste filme, um idoso Michael Corleone vive perseguido pelos crimes que cometeu e quer desesperadamente limpar a imagem, apagando todas as suas ligações a qualquer negócio ilegal, além da legitimação e das ligações ao Vaticano. Dirigido por Francis Ford Coppola, com base nas novelas de Mario Puzo, manteve a maior parte do elenco dos filmes anteriores, mas traz uma série de personagens novas e importantes. A banda sonora fica a cargo de Carmine Coppola e Talia Shire, que também entra no filme como actriz. Não ganhou nenhum prémio da Academia mas foi nomeado para sete estatuetas.
Este é um filme que vale a pena, principalmente se não o comparar com os dois filmes anteriores. Mais de quinze anos depois de "O Padrinho II", é quase a ovelha negra da família. Criticado, incompreendido, até mesmo ridiculizado, vive à sombra dos dois filmes que o precederam e são, sem dúvida, dois gigantes do cinema. E se queremos compará-los este é o perdedor pois não pode mais surpreender, apesar de manter boas cenas de acção e um Michael Corleone muito mais humano, ameaçado pelos seus fantasmas (em particular o irmão, que é uma maneira muito inteligente para explorar o acto mais cruel da sua vida criminosa). Não entendi bem a posição dele sobre o romance da filha com Vincent, seu próprio primo. A sua ligação à Igreja Católica também parece forçada, como se tivesse sido encaixada no roteiro à martelada para caber. Al Pacino é bom e conseguiu exibir perfeitamente as contradições psicológicas da sua personagem. Andy Garcia também teve uma óptima performance e Joe Mantegna pode dizer que, provavelmente, foi a melhor performance que fez num filme até hoje.
Em 20 Feb 2018