Autor: Filipe Manuel Neto
**Um fim negativo para um filme que já não começou muito bem.**
Ao contrário, talvez, da maioria do público, decidi ver esse filme por causa do nome de seu director, Lars von Trier. Gostava de "Anticristo", ainda não sei muito bem o que pensar da primeira metade deste filme, mas posso desde já dizer que esta segunda metade foi mais fraca do que eu esperava.
O filme continua a conversa entre a ninfomaníaca Joe e bom samaritano Seligman, com uma história gradualmente mais densa, à medida que Joe se afunda na sua perversão: o sadomasoquismo, os espancamentos, a destruição da sua própria família, com consequências dramáticas para o seu único filho, o mundo do crime. Tudo revela as piores consequências do vício em sexo. No entanto, à medida que tudo fica mais tenebroso, o filme perde verosimilhança e começa a parecer um conto sexual inacreditável e não uma história real de dor e trevas.
O filme está carregado de cenas de sexo explícito, pelo que o público mais sensível deve ser alertado logo dessa particularidade. Se você não for capaz de aguentar isso, o melhor a fazer é ver outro filme. Por outro lado, as cenas de sexo são tão cruéis que você provavelmente não terá prazer em vê-las. Emocionalmente violento, o filme levanta questões morais e éticas constantes.
Acho que os actores principais (Charlotte Gainsbourg e Stellan Skarsgård) cumpriram bem a sua tarefa aqui. Acho interessante a forma como as suas personagens parecem completar-se, sendo o oposto um do outro: o pecador e o santo. O que estraga tudo é a forma fria e impessoal de falar e estar, tanto dele quanto dela, e os diálogos secos e ultra-intelectuais, pontuados por outros, cheios de obscenidades. Jamie Bell pareceu-me bem, mas a sua personagem é incompreensível. Willem Dafoe é bom demais para ser um verdadeiro criminoso e Mia Goth recebeu uma personagem ridícula. Na verdade, toda a parte final do filme é má e isso foi o que mais detestei aqui.
Este filme é um final mau para uma história que não teve tantos méritos quanto eu esperava, mas que se afunda na lama enquanto caminha até ao final. Quanto às cenas de sexo, muitas delas são absolutamente inúteis. A história podia ter sido contada da mesma maneira sem termos de ver todos os detalhes. E ainda há aquela cena de aborto! Absolutamente horrível de ver, mas muito educativa para quem diz concordar com essa prática por alguma razão obtusa.
Em 06 Oct 2018