Autor: Filipe Manuel Neto
**Um espectáculo de CGI, num filme que vale pelo entretenimento.**
“Mais um filme de terramotos em que a Califórnia vai ser obliterada”. Foi o que pensei quando descobri este filme. Não me enganei. É apenas mais um filme de desastres, como tantos outros nos seus erros e nas suas virtudes: é idiota, mas entretém maravilhosamente.
Usando como pano de fundo o famoso “Big One”, o grande e devastador terramoto que pende sobre a Califórnia como uma espada de Dâmocles, mas que até hoje ainda não aconteceu, o filme segue os esforços de um veterano dos Serviços de Emergência de Los Angeles para salvar a própria filha em São Francisco, numa história que é, talvez, a mais rocambolesca que já vi num filme de desastres. Ele ignora totalmente o seu dever profissional, optando egoisticamente por salvar quem lhe importa em vez de se apresentar ao serviço e salvar tantas vidas quanto lhe for possível. Claro, pelo meio vai salvando outras pessoas, não fosse ele o herói, mas não foi o que o motivou. E claro, a filha revelou-se totalmente capaz de se safar sozinha quando tudo parecia o Apocalipse.
O elenco é liderado por um actor que nunca gostei particularmente, Dwayne Johnson, mas que tem subido consideravelmente na minha apreciação desde que mostrou ser mais que apenas uma montanha de massa muscular. Ele não é um actor brilhante, mas tem melhorado e escolhe os papéis mais criteriosamente, ganhando com isso. Aqui, ele faz o que tem de fazer e safa-se razoavelmente bem, mas não estabelece química alguma com Carla Gugino, que deu vida à ex-mulher com quem ele ainda se importa, e que parece estar a contracenar com uma parede em vez de um actor humano. Paul Giamatti é um actor nobre e que está acostumado a personagens dignas e com certo carisma, e ele teve tudo o que precisa aqui. Alexandra Daddario, por sua vez, traz para o filme uma dose de charme e diversão no feminino, além de um belo corpo curvilíneo.
Pessoalmente, penso que o que mais chama a atenção neste filme, além dos momentos mais cómicos que aligeiram a tensão, é a dose cavalar de CGI onde o filme gastou uma fatia notável do orçamento. E nunca a Califórnia foi tão grandiosamente arrasada! O CGI é realmente bom e há cenas visualmente extraordinárias que nos fazem pensar que só mesmo num filme é que alguém consegue escapar por um cabelo a uma parede que cai no instante a seguir. Com a dose maciça de destruição, tão realista que lhe sentimos o cheiro, e o trabalho decente do elenco, o filme compensa com entretenimento sólido qualquer defeito e adquire valor por isso mesmo.
Em 19 Dec 2020