Autor: Filipe Manuel Neto
**Não é um filme detestável ou esquecível, mas está longe de ser animado ou feliz.**
Apesar das suas fraquezas e fragilidades, eu confesso que gostei deste filme, e isso talvez venha do facto de me ter tocado pessoalmente. Sendo um filme que é tão focado na dor da perda de alguém querido, na forma como uma pessoa encara situações de sofrimento e consegue digerir isso, foi um filme que me custou um pouco ver, pois também eu perdi uma pessoa muito querida recentemente. Eu esperava um filme mais alegre e com uma tónica mais animada. Isso, sim, em parte frustrou as minhas espectativas, e acredito que outras pessoas também dirão o mesmo. No entanto, não posso dizer que detestei o que vi.
De facto, o roteiro foca-se num jovem adolescente que tem de viver o seu dia-a-dia, na escola e em casa, enquanto se prepara mental e psicologicamente para a iminente orfandade, pois a sua mãe está muito doente e, sabemo-lo, vai morrer em breve. E em meio a tudo isto, ele acaba por imaginar, de modo muito realista, um grande monstro que o vem visitar e que o obriga a lidar com os sentimentos que vai sentindo, e a lidar com as situações, e também com uma avó com que tem problemas de relacionamento.
Dirigido por J.A. Bayona, é um filme relativamente mediano. O roteiro é previsível, o monstro-árvore é algo que já vimos noutros filmes, mas que é sempre uma boa ideia, principalmente se é suposto ser um monstro sábio e antigo, como é o caso aqui. Lewis MacDougall é o jovem que vai ter o papel de protagonista no filme e ele safa-se bastante bem, muito embora o roteiro não seja muito exigente com ele. Também gostei do desempenho de Felicity Jones, muito embora a actriz não tenha realmente muito para fazer. E tenho pena por Sigourney Weaver, porque ela é uma boa actriz no papel errado. Foi um tremendo erro de casting e teria sido preferível chamar uma actriz verdadeiramente britânica para o papel, ao invés de uma norte-americana com um sotaque notoriamente falsificado.
Tecnicamente, o destaque vai obviamente para o CGI, que é bom o suficiente e faz um trabalho interessante, principalmente nas cenas em que a árvore “desperta” para se mover e revelar o seu real aspecto. Também gostei da banda sonora, ainda que não seja das mais memoráveis ou interessantes, e da cinematografia, que cumpre o seu trabalho sem erros. Liam Neeson foi, mais uma vez, o responsável pela voz do monstro. O actor é já um veterano das dobragens e deu voz a muitas personagens fantásticas de outros filmes, pelo que foi uma aposta segura da produção.
Em 28 Nov 2022