Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme de baixo orçamento honesto, empenhado e bem feito, que cumpre o que promete e não nos deixa insatisfeitos.**
Acabei de ver este filme, considerado actualmente um clássico "cult" e um exemplo para o que se quer de um filme de baixo orçamento. De facto, eu entendo as motivações de quem fala assim: o filme não é bom, não é um daqueles filmes que eu sinto que vá ter vontade de rever muito, no entanto, é eficaz e dá-nos aquilo que promete, de uma forma honesta.
O roteiro também tem a sua originalidade, muito embora seja escasso e apenas sustente uma longa-metragem graças à capacidade do director, o “novato” Stan Winston, para o esticar, ainda que à custa de um ritmo mais vagaroso, que tentou aproveitar para criar ‘suspense’: ambientado numa área rural isolada, o filme é uma história de vingança insana, em que um homem decide recorrer a uma bruxa maléfica após ter o seu filho pequeno morto num acidente por um grupo de jovens inconscientes.
Os actores são, para mim, ilustres desconhecidos. Porém, gostei bastante do desempenho de Lance Henrikssen, o único actor aqui a manter uma postura dramática, a ter carisma e a desenvolver um trabalho mais profissional e maduro. Além de dar vida ao pai angustiado, deu igualmente vida e corpo ao monstro, que é o verdadeiro protagonista deste filme. O filme tem ainda diversos outros actores, na maioria bastante jovens e com pouca experiência.
A nível técnico, eu gostaria de destacar, em primeiro lugar, o trabalho meticuloso e demorado da caracterização de Henrikssen sempre que dava vida ao monstro. Eu só posso imaginar todo o tempo despendido de cada vez que o actor teve de se mascarar daquela maneira, além de esse disfarce ser, por si mesmo, excelente, verdadeiramente assustador e detalhado. O trabalho de filmagem e a cinematografia pareceu-me regular, os cenários foram bem executados e os efeitos visuais, especiais e de som são bem feitos, especialmente tendo em conta o orçamento reduzido da produção. Também a banda sonora se revelou eficaz, ainda que esquecível.
Em 14 Jun 2022