Autor: Pedro Quintão
Este mockumentary acabou por ser uma experiência tão desconfortável quanto fascinante. A forma como explora a misteriosa morte de uma jovem e o luto da sua família é feita de um modo tão realista e natural que, a certo ponto, deixamos de sentir que estamos a ver um filme. Parece mesmo um documentário, e talvez seja isso que o torna tão inquietante: a sensação de que aquilo poderia ser real. Talvez esse tenha sido um dos motivos pelo qual conquistou o estatuto de clássico de culto.
Ao longo da narrativa, somos surpreendidos várias vezes, sempre de um modo subtil e nunca gratuitamente. O filme tem uma vibe sobrenatural credível, que se mistura com a dor muito humana daquela família. Sinto que é raro encontrar obras capazes de equilibrar tão bem esses dois mundos: o lado do inexplicável e o lado emocional. É por isso que recomendo vivamente que seja visto à noite, de luzes apagadas, porque aí sim, consegue proporcionar uma experiência verdadeiramente arrepiante.
Claro que Lake Mungo não é perfeito. Há momentos em que sentimos que a narrativa está incompleta, como se houvesse espaço para explorar mais a fundo alguns temas. Noutras partes, pelo contrário, parece que somos bombardeados com demasiada informação de uma só vez. Ainda assim, considero-o um bom filme, a sua atmosfera e a forma como mexe connosco acabam por marcar a nossa memória.
No fim, só posso dizer que gostei muito e que percebo perfeitamente porque é que Lake Mungo se tornou num título de culto e tem reunido uma enorme quantidade de fãs no mundo inteiro. Não é apenas um filme convencional, é uma experiência, contudo, não é para o gosto de todos.
Em 10 Sep 2025