Autor: Filipe Manuel Neto
**Memorável e intemporal.**
Este filme é um dos clássicos de acção que nunca mais saiu das televisões desde que estreou. E é também um filme que vi ainda criança, e que paro para ver quase sempre que passa nas televisões, o que acontece regularmente. É também um dos exemplos, raros e louváveis, de uma sequela cinematográfica que ultrapassou largamente o filme inicial e se tornou memorável em todos os aspectos.
Neste filme, John Connor é um rapaz problemático e rebelde. Ele não sabe, mas um dia vai ser chefe de uma guerrilha que vai lutar pela Humanidade numa guerra contra as máquinas. Ele descobre isso quando enfrenta um temível assassino de metal líquido, um Exterminador, enviado do futuro para o assassinar. Mas ele vai poder contar com a ajuda de outra máquina: uma versão mais antiga de Exterminador, igual àquela que, quinze anos antes, perseguiu a sua mãe, Sarah, e que ele mesmo, no futuro, vai enviar para o passado, consciente de que isso lhe salvará a vida.
Se é acção que estamos à procura, este filme leva a sério essa expectativa: aquilo que ele nos oferece é acção pura e dura, do início ao fim. E são raros os filmes de acção que se revelam tão absolutamente incríveis. O filme quase não nos deixa respirar, e a forma como se desenvolve é notável. Temos perseguições alucinantes em que um homem a pé persegue um carro, temos tiroteios e explosões quase a cada sequência, e a sensação de perigo e de tensão que o filme cria é genuína e acompanha-nos até ao final. Por falar em final… é difícil imaginar um final mais comovente e emocionante. Além do final, as sequências de acção no hospital e na sede da Skynet são dignas de antologia.
Neste filme, a estrela é Arnold Schwarzenegger. Ele construiu uma imagem de duro e, de facto, ele é duro como nenhum outro actor antes dele: parece indestrutível e dono de uma determinação férrea. Mesmo assim, há momentos em que ele dá profundidade psicológica e emotiva à personagem, uma máquina desenhada para matar, e isso basta para termos noção da qualidade do actor. Linda Hamilton vai voltar ao papel que ela já conhece, mas deixa para trás a menina ingénua do primeiro filme: aqui, é uma mulher de armas, determinada e com uma colossal força interior. Edward Furlong também consegue, aqui, o seu papel de maior sucesso. Parecia perfeito no papel de rebelde sem causa e firma uma colaboração perfeita com Schwarzenegger. Robert Patrick costuma ser o actor que as pessoas menos destacam, mas penso que ele foi impecável no papel do vilão e que se empenhou muito no papel. Joe Morton, Earl Boen e Castulo Guerra dão também um contributo positivo, em papéis secundários.
James Cameron assegura uma direcção inspirada e consegue, com este filme, um dos mais impressionantes trabalhos da sua carreira. Filmado e estreado em 1991, o filme é extraordinariamente actual: se eu não soubesse que filme é, podia presumir ser uma produção recente. A cinematografia é magnífica, sombria nos momentos certos; os cenários e figurinos são bons. Mas são os efeitos visuais e especiais que transformam o filme em algo ainda mais impactante, especialmente no que diz respeito ao T-1000 e às suas formas líquidas. Parecem efeitos actuais, feitos com técnicas modernas. Antes de terminar, uma palavra de louvor para o tema principal da banda sonora, concebida por Brad Fiedel e, sem dúvida, uma das músicas mais marcantes do cinema.
Em 29 Jan 2021