Autor: Filipe Manuel Neto
**Apagado, desinteressante, apressado e carregado de clichés.**
Filmes sobre o mundo da magia e do ilusionismo há vários disponíveis, e muitos são de grande qualidade. Este filme é mais um, e veio na sequência de um dos melhores, para se revelar como um dos menos interessantes.
A história é simples, bastante fácil: após os eventos do primeiro filme, os Quatro Cavaleiros separam-se e esperam por instruções do Olho, a sua organização secreta. Porém, se alguns se cansam de esperar e desistem, outros insistem. Por fim, são convocados para expor os segredos de uma nova aplicação tecnológica, mas tudo corre mal: expostos ao mundo, fogem novamente e acabam em Macau, onde terão de descobrir quem é a pessoa que os traiu.
Que posso dizer eu acerca deste filme? Que muitas das características mais interessantes e mais divertidas do primeiro filme desapareceram simplesmente. O director Jon M. Chu foi capaz de se revelar uma nulidade ao fazer um filme apressado e grosseiro, cheio de situações irrealistas e imaginativas, além de clichés ultrapassados como o irmão gémeo maléfico ou o filho bastardo que quer agradar ao pai. Mesmo como uma peça de entretenimento, este filme é bastante fraco e incapaz de honrar o seu predecessor.
O elenco é herdado do filme anterior, com poucas modificações a mencionar, mas fica muito longe de nos brindar com um bom trabalho porque não teve direito a um material decente. Assim, temos de volta Jesse Eisenberg, mais arrogante que no primeiro filme, James Franco e Woody Harrelson, que também vai dar vida ao irmão gémeo presunçoso da sua personagem, o que foi, no mínimo, uma opção estúpida do roteiro. Outros actores que regressam às suas personagens são Mark Ruffalo, Morgan Freeman e Michael Caine, e eu diria que este trio é o que se sai melhor neste filme ridículo. O problema é que eles não podiam fazer nada para que o filme fosse melhor, dado que não tiveram tanta visibilidade neste filme (Freeman e Ruffalo, que aparecem apenas quando é preciso, são mesmo sub-aproveitados). A saída de Isla Fisher (bastante inteligente dado que se poupou a um filme que não lhe ia acrescentar nada de bom à carreira) foi colmatada pela entrada de Lizzy Caplan, numa personagem divertida e que faz sorrir, acrescentando momentos de espontaneidade e irreverencia a um filme que, sem isso, seria mais aborrecido. O vilão foi encarnado por Daniel Radcliffe, mas parece uma caricatura cínica e nunca o consegui levar a sério.
Tecnicamente, é um filme bastante regular: de positivo, eu destacaria a cinematografia, com um bom trabalho de luz e cor, potenciado pelo colorido autêntico das ruas de Macau, antiga colónia portuguesa na China, onde boa parte do filme decorre. Os cenários e figurinos são bons o suficiente e há algum realismo e verosimilhança no CGI e nos efeitos visuais e de som. A banda sonora, pareceu-me, é herdada do filme anterior com poucas modificações.
Em 16 Oct 2020