Autor: Filipe Manuel Neto
**Verdadeiramente original.**
Eu achava que já tinha visto quase tudo o que podia ver em relação ao Homem-Aranha, porque é uma daquelas personagens que insiste em voltar ao cinema com alguma regularidade. Para piorar, a indústria, e muito particularmente a Marvel, inundou os cinemas com filmes acerca de personagens de banda-desenhada, das mais famosas às mais obscuras, e isso tornou-se repetitivo, banalizando o género.
Mas este filme não tem nada a ver com os demais. De facto, ao invés de seguir o caminho do ultra-realismo que outros filmes animados seguiram ou limitar-se a ser um *spin-off* ou reedição da história da personagem, o filme transporta-nos totalmente para o mundo das revistas de quadradinhos, assumindo para si aquele visual estilizado que essas publicações possuem, e trazendo uma história totalmente nova e diferente, com um Homem-Aranha afro-americano que tenta suceder ao original, após presenciar a sua morte, e salvar o mundo da destruição com a ajuda de várias versões do herói oriundas de vários universos paralelos. Até o famoso Porco-Aranha (até quem nunca viu os Simpsons conhece) vai aparecer!
O filme conta com vários actores famosos que dão a voz às várias personagens (Shameik Moore, Jake Johnson, Mahershala Ali, Hailee Steinfeld, Nicolas Cage etc.) e é visualmente impressionante, cheio de efeitos retirados das bandas-desenhadas em papel e um CGI de última geração. O som também é impressionante, tanto nas cenas de acção quanto no tocante à banda-sonora, onde o Hip Hop e os ritmos suburbanos predominam. O ritmo do filme é bastante rápido, com cenas de cortar a respiração.
Tinha poucas expectativas quando fui ver este filme, mas tenho de reconhecer que é verdadeiramente excepcional. Porém, acaba por ser tão ousado e tão diferente do comum que isso pode torná-lo indigesto a alguns públicos.
Em 02 Feb 2020