Autor: Filipe Manuel Neto
**Muito bom.**
Fui atraído até este filme por uma razão simples: a minha namorada gosta muito de filmes de animação. Dos mesmos criadores de “Gru o Maldisposto”, é bastante interessante e parte de uma boa premissa: o que fazem os nossos animais de estimação quando nós saímos de casa todos os dias.
Toda a história gira em torno de Max e Duke, dois cães que acabam perdidos em Nova Iorque. Enquanto os restantes animais do prédio unem esforços para os encontrar, liderados por uma adorável cadelinha, Gidget, os dois acabam metidos em sarilhos ao encontrarem – e irritarem – o bando liderado por Pompom, um adorável coelho branco que tem um ódio profundo aos seres humanos e criou um bando dedicado a vingar-se. Este filme foi feito para públicos mais jovens mas não totalmente infantis, creio. Portanto, permite-se adquirir contornos que vão do infantil ao adulto, de modo a agradar um pouco a todos. Penso que crianças acima dos sete ou oito anos compreenderão muito bem o filme, que não tem rigorosamente nada de chocante.
Uma das coisas mais interessantes do filme é a longa lista de personagens adoráveis e fofos. Os cães (Max, Duke, Gidget, Pops, Buddy e Mel) merecem destaque mas são seguidos de perto pelo coelho branco Pompom, que fez tanto sucesso e se tornou tão popular que foi um dos *hits* do *merchandising* do filme. A gata obesa Chloe, o porquinho-da-índia Reginald, o periquito Sweet Pea e o falcão Tiberius também merecem um olhar especial. Os diálogos e piadas foram bem-feitos, e há subtis cumprimentos aqui e ali a outros trabalhos do estúdio (particularmente os filmes da franquia “Gru”) bem como outros filmes e séries populares como “Febre de Sábado à Noite”. Apesar de tudo, as piadas e o humor não são de rir às gargalhadas e por vezes funcionam com alguma dificuldade. O filme conta com excelentes actores de voz, na sua maioria já com alguns outros trabalhos do género na algibeira. De entre eles destaco pela positiva a performance de Louis C.K., Eric Stonestreet, Jenny Slate, Albert Brooks, Lake Bell, Steve Coogan e ainda Kevin Hart.
Tecnicamente, é um filme onde era difícil exigir melhor. Tem uma das melhores sequências de abertura que já vi em filmes de animação, com os animais a tomarem conta das casas dos seus donos mal eles viram costas e saem pela porta da frente. O CGI e a qualidade das animações é impecável, com os animais desenhados nos seus detalhes, magníficas cores e luz, movimento e acção nas horas certas e doses inesgotáveis de fofura. Li alguns comentários pela Internet nos quais alguns internautas disseram ter sentido algumas dificuldades com o ritmo do filme, com a segunda parte a revelar-se mais cansativa e a arrastar. Pessoalmente não senti muito isso, acho que o filme se desenvolveu bem e a parte final foi bastante divertida. Talvez sim, uma ou outra cena demore mais do que o necessário, talvez um esforço de edição e montagem mais hábil tenha faltado aqui, mas parecem-me problemas de pouca monta. Por fim, ainda tenho de deixar uma nota de louvor à excelente banda-sonora, composta por Alexandre Desplat e com tons de jazz extremamente agradáveis… e pertinentes! Afinal, é Nova Iorque!
Em 10 May 2020
