Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme regular, com boa comédia mas demasiada publicidade.**
Esta comédia parece ser uma crítica mordaz do enorme "non-sense" que envolve o mundo da moda. É a história de uma jovem jornalista (Anne Hathaway) séria e idealista, saída da universidade, que tenta adaptar-se à redacção de uma grande revista de moda, dirigida por uma directora muito rigorosa e exigente (Meryl Streep), absolutamente convencida da importância crucial da moda para a sociedade. A maneira como ela o explica não pode ser mais honesta sobre a forma egocêntrica com que a indústria da moda se vê a si mesma, procurando formatar o mundo de acordo com os seus próprios padrões enquanto procurava dar ao mundo o que ela pensa que ele quer (é como um ouroboros). O filme está cheio de pequenas críticas e momentos humorísticos, com Andy a cair em tentação perante o sedutor universo à sua volta.
Infelizmente, o roteiro não é particularmente inovador e acaba por se tornar bastante previsível. Outro problema do filme é a publicidade excessiva a marcas e produtos. Parece um anúncio de tamanho familiar, com centenas de referências a marcas incorporadas nos diálogos e situações. Por outro lado, o desempenho das principais actrizes é excelente. Hathaway está no seu melhor e pode realmente dar graça à personagem e colocá-la em conflitos de interesse e situações, que se oporão aos seus valores e ideias devido à sua necessidade de manter o emprego. Meryl Streep é uma actriz camaleónica, capaz de usar a pele do próprio diabo de uma forma convincente quando quer. Ela é a estrela deste filme, com o rosto fechado e a incapacidade de mostrar algum tipo de calor humano.
Em suma, este filme é muito positivo porque o desempenho das duas atrizes envolvidas e bons momentos de comédia. Sem ser surpreendente ou fascinante, é um filme que entretém o público de forma muito eficaz
Em 18 Mar 2018