Autor: Filipe Manuel Neto
**Vazio, previsível, por vezes cómico.**
Adoro quando o cinema mistura os géneros "teen" e terror num mesmo filme. Geralmente sai asneira. Neste filme um grupo de adolescentes mata um homem, por acidente, mas decide esconder o corpo e manter o segredo para sempre, de modo a não pagarem as favas. Mas no ano a seguir, ao reencontrarem-se, apercebem-se de que alguém sabe tudo e está decidido a puni-los.
Muito bem, a ideia central do enredo é esta, e é boa... mas observe que o argumentista é Kevin Williamson, nada mais, nada menos que o autor do roteiro de "Gritos"... e esse filme foi uma salgalhada tamanha entre comédia e terror que ninguém sabia se o filme era carne ou era peixe. Está tudo dito sobre a competência deste senhor para escrever argumentos para filmes, não está? Junte-lhe agora a imaturidade e falta de pulso do director Jim Gillespie e um elenco jovem que mal sabe representar decentemente e tem a receita para um filme de terror que ainda o vai fazer rir um bocado.
Jennifer Love Hewitt, que veio a consagrar-se através da televisão ("Ghost Whisperer"), era uma miúda muito nova e com pouca capacidade de convencer o público com uma actuação capaz. Mas eles precisavam de uma protagonista com bom aspecto e capaz de fazer de "dama em perigo", e ela serviu bem o propósito. A actriz tenta várias vezes alcançar um nível melhor de tensão psicológica, mas vai tudo cano abaixo com gestos teatrais e histerismos. Gritar e correr é com ela. Quanto aos outros, cumprem o estereótipo dos adolescentes dos filmes teen: pervertidos sexuais, idiotas, nerds e um ou outro que é meio maluco. Carne para canhão, quase todos eles, na medida em que eles vão morrendo e nós, o público, nem pestanejamos. A ligação entre o público e as personagens é zero.
A melhor coisa deste filme é mesmo a curiosidade para saber quem é que anda ali a matar adolescentes à ganchada. Mas até isso é feito com melhor mestria por outros filmes e uma carrada de séries televisivas com polícias e ladrões. O filme apresenta notas de suspense e tenta, desesperadamente, criar tensão no público, mas nós já sabemos que atrás daquele vão escuro está uma faca, ou que daqui a cinco segundos vai saltar um gancho vindo do nada etc. Não funciona e há vários momentos que são profundamente cómicos. Dei por mim a rir várias vezes. A criação de suspense falha repetidamente por esse motivo.
Em 16 Feb 2018
Autor: Pedro Quintão
Já tinha visto este filme há muitos anos, mas honestamente lembrava-me de muito pouco. Como está para sair a nova requel, decidi revê-lo com o meu irmão para refrescar a memória. Até fiquei surpreendido. Posso dizer que não é nenhuma obra-prima, mas tem elementos que interessantes e que me fizeram entender porque se mantém num marco da cultura pop.
Gostei muito daquela ideia do “alguém sabe o nosso segredo”, pois o filme vive desse mistério e do sentimento de suspeita que vai crescendo. O argumento está carregado de suspense e de tensão, e há cenas muito interessantes que nos fazem torcer pelas personagens.
No entanto, acho que o argumento por vezes tenta parecer mais inteligente do que realmente é. Há momentos um pouco rebuscados, feitos claramente para enganar o espectador, mas que não encaixam assim tão bem. E talvez o problema seja mesmo meu, porque estou mais do que habituado a ver este tipo de filmes. Mas admito ter ficado um bocado desiludido quando é revelado quem está por trás de tudo. Não é que não faça sentido, mas senti falta de aquela pessoa ser uma das personagens principais ou, pelo menos, alguém com mais peso na narrativa, pois deixou-me com aquela sensação de “meh”.
Mesmo assim, o filme vê-se bem. Tem ritmo, tem estilo, tem aquela vibe dos anos 90 que acaba por lhe dar charme. Foram 90 minutos bem passados e deixou-me ainda mais curioso para ver o que vão fazer com a nova versão de 2025.
Em 14 Jul 2025