Autor: Filipe Manuel Neto
**Um recomeço do zero**
Dirigido por Martin Campbell e produzido por Barbara Broccoli e Michael G. Wilson, é o vigésimo primeiro filme da franquia. Neste filme, um novo James Bond, recentemente elevado ao status de agente 00, tentará capturar um banqueiro do submundo criminal que ajuda a financiar traficantes e terroristas em todo o mundo. Para isso, precisa de participar num jogo de poker de alto risco onde o vilão procurará multiplicar o seu dinheiro.
Este filme marca um recomeço do zero na franquia. Quatro anos depois do último filme e após a saída de Pierce Brosnan, os filmes de Bond voltam a reinventar-se e a ser alvo de uma actualização. Nesse contexto, Daniel Craig é seleccionado para encarnar o agente britânico. Ao seu lado, Judi Dench permanece no papel de M, Jeffrey Wright ressuscita o espião norte-americano Felix Leiter, Giancarlo Giannini dá vida a Rene Mathis, Eva Green fez um grand trabalho ao interpretar a bondgirl Vesper e Mads Mikkelsen deu vida ao vilão, Le Chiffre.
Daniel Craig é bastante diferente de qualquer outro actor que tenha desempenhado o papel de Bond: ele não é um cavalheiro, é um assassino duro, muito violento e que mata sem pensar duas vezes. Mas essa nova abordagem não só actualiza a personagem, como também lhe dá uma dose extra de credibilidade. Na opinião do público, é claro que, se há espiões, eles podem ser tão letais e duros quanto Craig. E, como qualquer humano, este Bond também falha e comete erros. Está longe de ser um herói, o que humaniza a personagem e impede que seja uma espécie de "Exterminador Implacável" de smooking. Por outro lado, o vilão também é credível e não é exagerado. Discreto e ao mesmo tempo cruel, Le Chiffre é interpretado muito bem por Mikkelsen. Eva Green também foi impecável como Vesper, uma contabilista misteriosa que combina bem a beleza, a sedução e o mistério, tornando-se uma das mais belas e interessantes bondgirls da franquia. Foi também a segunda mulher a fazer Bond apaixonar-se a sério, o que é uma proeza.
O roteiro também tem aspectos bons: o tema principal, o financiamento do terrorismo, está muito presente hoje. A retoma cronológica da história permitiu uma re-abordagem aos livros de Fleming e um novo olhar para a personagem rompendo com os filmes anteriores, particularmente os de Brosnan. Algumas cenas também se tornaram memoráveis, como a cena climática, onde Bond tenta salvar a amada de um palácio veneziano que se afunda sob os seus pés. A sequência de abertura é, talvez, das mais notáveis de toda a franquia, destacando-se pelo uso de imagens de cartas, pela falta de silhuetas femininas (justificadas pela paixão de Bond e Vesper) e pela canção "You Know My Name", por Chris Cornell.
Em 20 Feb 2018