Autor: Filipe Manuel Neto
**Sangue, testosterona, espadas e porrada.**
Estamos perante um filme que foi planeado e pensado para o público adolescente sedento de acção, pura e dura, com lutas mais coreografadas que o ballet e litros, verdadeiramente, de sangue por toda a parte. Eu poderia estar a exagerar, mas este filme é apenas isso. É bom, se o que procurarmos é algo para entreter sem pensar muito.
A acção do filme baseia-se num roteiro coerente, ainda que seja fantasiado, superficial e por vezes ilógico. Tudo gira em torno de Blade, um vampiro que anda durante o dia e se entretém a caçar e matar outros vampiros, geralmente os mais mal-comportados. As reais motivações de Blade nunca são totalmente explicadas, mas compreendemos que estão relacionadas ao seu passado e à sua família. Aqui, porém, ele tem de enfrentar um vampiro poderoso, que leva a cabo um golpe palaciano e toma o poder na sociedade vampira, e que está decidido a invocar uma antiga divindade de sangue que vai exterminar toda a raça humana (parece-me improdutivo liquidar a própria fonte de alimento, mas as coisas são o que são). O filme é adulto, tem diálogos repletos de impropérios e calão pesado, cenas de mortes sangrentas e violência, mas percebemos que foi feito para um público jovem. O filme explica ainda muitas coisas sobre as regras e a sociedade vampira que retracta, bem como a forma como os humanos, por vezes, querem ser transformados em vampiros, mas isso tudo fica em segundo plano quando o assunto é acção.
Wesley Snipes é convincente no seu papel, que é basicamente um assassino durão altamente treinado e aparentemente imparável, ao estilo de *Exterminador Implacável* e outros filmes do género. Ele nunca ri, nunca mostra emoções. Simplesmente bate, luta e mata. Não é um tipo simpático e não foi pensado para simpatizarmos com ele. Kris Kristofferson dá vida ao seu mentor e maior aliado, um humano já idoso que, no passado, foi caçador de vampiros. Basicamente, ele soa e comporta-se como um cowboy presunçoso daqueles filmes de faroeste. Stephen Dorff deu vida ao principal vilão e foi bastante eficaz na sua tarefa, dando-lhe um ar de crueldade sádica que o tornou ameaçador e convincente. N'Bushe Wright está no filme simplesmente por ser bonita e como chamariz para o público masculino.
Tecnicamente, é um filme que aposta tudo na acção e nas cenas de luta altamente planeadas e coreografadas como um bailado clássico. Claro, algumas delas são exibidas em câmara lenta, um recurso que *Matrix* ajudou a popularizar logo no ano a seguir mas que, para mim, se torna cansativo e até dispensável. As mortes são às dezenas, nem as conseguimos contar, e há mortes para todos os gostos. Parece impressionante… e é! Dá para perceber quanto dinheiro foi investido nestas cenas. Os cenários e figurinos são bons, mas eu destacaria especialmente o figurino de Blade, preto, com uns acolchoados que parecem funcionar como armadura à prova de bala e uma gabardina que parece uma capa preta. Vistoso e cheio de estilo.
Em 09 Aug 2020