Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme mediano que a publicidade e alguma crítica empolaram.**
Bem, esta resenha vai ser difícil de fazer, pelo menos para mim. Claro, como qualquer um que foi jovem na década passada também eu sucumbi à hipnose do Facebook e ainda tenho conta nessa rede social, mas confesso que há meses que não vou lá e não passo lá muito tempo. Esse feitiço que o Facebook, e todas as outras redes sociais, podia ter sobre mim perdeu o efeito há muito tempo. Hoje, e vou ser muito honesto no que eu vou dizer, não vejo motivos para passar horas a fio preso a uma rede social, colocando likes em postagens, comentando ou falando com outras pessoas. Agora, vamos falar sobre o filme em si.
O filme não é mau, mas está longe de ser algo que eu queira voltar a ver. O roteiro aborda, de modo bastante claro, o processo de criação e desenvolvimento do Facebook e as lutas legais e jurídicas que Mark Zuckerberg enfrentou depois disso. Dirigido por David Fincher, é bastante fraco na tarefa a que se propõe porque, como acontece muito com filmes baseados em factos reais, cria uma história totalmente nova e ficcional em cima de pessoas reais. Eu sei que isto é cinema, que a liberdade criativa faz parte da arte cinematográfica mas, como eu já disse numa série de outras resenhas, há limites lógicos para essa liberdade quando estamos a lidar com pessoas reais e, pior, ainda bastante vivas.
O elenco conta com uma série de nomes facilmente reconhecíveis e a maioria fez um esforço muito positivo. Porém, nem tudo correu bem. A forma como as personagens foram pensadas foi o que mais me irritou no filme. Se uns são adolescentes idiotas outros são oportunistas, e ainda há imensos cretinos e espertos. Não há virtualmente uma personagem de que possamos gostar e isso bloqueou o meu interesse no que estava a ver. Assim, temos Jesse Eisenberg na pele do próprio Zuckerberg, mas de uma forma tão negativa e com material tão mau por base que a personagem é intragável. É um cretino completo, incapaz de conseguir captar a simpatia do público. Dakota Johnson, Max Minghella, Rooney Mara e Joseph Mazzello tentam ajudar, no entanto têm pouco para fazer, a partir do momento que o filme está entregue a Eisenberg. Pela positiva, temos as boas performances de Andrew Garfield, que deu vida ao primeiro CFO do Facebook, foi mesmo bom e deu bastante vida à personagem dele, assim como Justin Timberlake, que foi muito bom no seu papel também. Armie Hammer surpreende ao dar vida a dois irmãos gémeos de um modo impressionante e realista.
Vencedor de três Óscares (Melhor Argumento Adaptado, Melhor Edição, Melhor Canção Original), é tecnicamente um filme capaz e decente mas não impressiona. Tem cinematografia, cenários e figurinos regulares e, apesar dos prémios, a banda sonora não me impressionou ou chamou a atenção. Sinceramente, não entendo sequer a visibilidade dada a este filme. Acho que não justifica e foi bastante empolado pela publicidade e pela media (conveniente para a rede social retractada).
Em 02 Jun 2020