Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma desculpa para mais um filme de animação feito em CGI.**
Penso que este filme não deveria ter sido feito da maneira como foi feito. O segredo do sucesso do primeiro “Space Jam” foi a sua originalidade e a forma como combinou bem os desenhos e uma estrela real do basquetebol num filme onde podia brincar um pouco consigo mesma. Aqui, o que temos decepciona qualquer um e serve apenas para arrecadar dinheiro ao público sem a entrega de um produto que realmente satisfaça as expectativas.
O maior problema do filme é obviamente o seu roteiro: tudo começa quando LeBron James, um jogador de basquetebol, recusa um contracto com a Warner Bros. O contracto fora elaborado por um algoritmo de computador que, de alguma maneira, ganhou vida e vontade próprias, e está determinado a fazer-se notar, mesmo pelas piores formas. Ao aprisionar o desportista e o seu filho num universo digital, as coisas complicam-se. James vai ter de jogar basquete contra o algoritmo vivo, e vai pedir ajuda ao único que pode, eventualmente, ter alguma boa ideia: Bugs Bunny. É, como podemos ver, um roteiro básico, muito mal escrito e mal arquitectado, que não é capaz de sustentar devidamente o filme.
Não quero ser antipático com LeBron James. Ele não é um actor, não se espera que ele faça um grande trabalho como actor. Penso que ele fez bastante com o que recebeu, que foi muito mau, mas também penso que ele não é famoso o bastante para suportar o filme da maneira que Air Jordan suportou anteriormente. Talvez ele seja famoso nos EUA! Fora dos EUA ninguém sabe quem ele é. Don Cheadle acaba, assim, por ser o actor de maior destaque no filme, mesmo que numa personagem maquiavélica e cansativa. Cedric Joe faz o que pode, mas a sua personagem é terrível e foi muito mal pensada. Egocêntrico, egoísta, vaidoso e ressentido contra o seu pai, o miúdo é desagradável quase até ao final.
Tecnicamente, o filme aposta tudo no CGI de grande efeito visual e fracassa redondamente: se há algo que não funciona bem é o visual estilizado e cansativo deste filme. Adquiri uma antipatia especial com as versões computorizadas de Bugs e dos restantes Looney Tunes. São terríveis e feias. Há coisas que não devem ser modernizadas para não perderem a sua essência! Além disso, o filme tem uma cinematografia cansativa e é excessivamente longo sem que haja roteiro ou material que o justifique plenamente. Gostei, todavia, das várias homenagens que são feitas aos filmes do passado do estúdio Warner: temos de tudo, desde “King Kong” a “Casablanca”, com a passagem garantida pela franquia “Harry Potter” até “Matrix” e “Mad Max”. Foi a parte do filme que achei mais simpática e honrosa, mas não recomendo este filme mesmo assim.
Em 25 Oct 2022