Autor: Filipe Manuel Neto
**Este filme soube honrar e igualar o primeiro filme.**
Apesar da popularidade que adquiriram, os dois primeiros filmes MIB, da viragem do século, são filmes que não gosto muito de ver. O primeiro filme, de 1997, ainda vale a pena, mas o segundo foi tão mau que tiveram de esperar mais de dez anos para lançar este filme, e mesmo assim, nós ainda nos lembramos dele. Uma boa notícia: este filme é virtualmente tão bom quanto o inicial e sabe ir ao encontro das expectativas do público.
O enredo é razoavelmente simples, mas garante entretenimento: com o passar dos anos, quem manda na organização MIB passou a ser uma mulher. Entretanto, a fuga de um extraterrestre perigoso da prisão lunar vai forçar J a viajar até ao passado, ao início da carreira de K, para tentar impedir que o planeta Terra seja invadido por uma força galáctica destruidora. O roteiro faz um trabalho razoavelmente eficaz e há bastante movimento e acção.
Will Smith mostra que amadureceu como actor, e soube imprimir essa maturidade ao agente do MIB que interpretou: J não é mais um novato nem alguém que aceite lições, é um agente sénior com experiência, que sabe o que faz e está suficientemente treinado para lidar com o que tem em mãos. Claro, K continua a ser um veterano, e Tommy Lee Jones não deixa que isso fique no esquecimento: sorumbático e aparentemente imperturbável, a personagem de Jones vai ter um prazer particular em dar lições e sermões a Smith sempre que oportuno. E, em última análise, é a forma como os dois actores interagem que torna o filme mais engraçado. O vilão é digno da nossa antipatia e tem algumas boas piadas e falas irónicas, mas Jemaine Clement parece ter, às vezes, exagerado um pouco as coisas. Michael Stuhlbarg e Josh Brolin fazem um trabalho muito honesto e comprometido, e ajudam substancialmente a aumentar a qualidade do filme.
Tecnicamente, há uma aposta séria e substancial no CGI, na computorização e nos efeitos feitos por computador. É algo quase previsível, hoje em dia é um recurso bastante disseminado e os filmes sci-fi ou de acção aprenderam a dominá-lo. Porém, a autenticidade das cenas reais sabe sempre bem. Por isso, o final parece destoar um pouco do resto do filme, mas isso acaba por ser um problema menor. A cinematografia é bastante bem executada, o som e a banda sonora são eficazes, os recursos visuais também. Os cenários e guarda-roupa, bem como os adereços, estão dentro daquilo que se esperaria encontrar num filme MIB.
Em 29 Aug 2022