Autor: Filipe Manuel Neto
**Tiro no couraçado… e afundou-se!**
Eu não costumo ter grandes expectativas em filmes que têm origem no universo dos jogos, sejam eles convencionais ou electrónicos. Este filme assenta o seu enredo num jogo de tabuleiro, mas eu senti que tinha muito pouca relação com o jogo e podia perfeitamente ser independente, aproveitando somente o nome e algumas levíssimas influências que só os mais conhecedores conseguirão captar.
A melhor coisa do filme são os valores de produção e os aspectos visuais. Aproveitando bem os locais de filmagem escolhidos junto ao Havai e brindando-nos com figurinos e cenários decentes, insere-nos bem no ambiente naval. Os efeitos de som são excelentes, em particular nos combates e cenas de acção. Não obstante, a banda sonora não faz muito: limita-se a gritar para agradar ao público “roqueiro” que quer ver pancadaria simples. Os aspectos de maior valor são o CGI e os efeitos visuais de alta qualidade e grande valor de entretenimento. Eu arrisco dizer que o filme foi concebido em cima dessa premissa, não da trama ou do argumento: “vamos fazer um blockbuster de acção que possamos carregar de CGI e visuais para encher os bolsos de dólares”. Como é de prever, um projecto com tais bases não podia ter resultados notáveis: continua a ser capaz de entreter, mas é um entretenimento esquecível e desinteressante que nós vemos uma só vez.
Os problemas do filme começam com Peter Berg, o director. Eu só conheço o seu trabalho porque vi “Hancock”, um filme absolutamente esquecível, e “Deepwater Horizon”, um filme posterior onde o director parece mostrar o que aprendeu com o seu trabalho aqui. Aqui, ele fez um trabalho fraco e preguiçoso, tendo boa parte da culpa nas falhas que vou elencar. Por exemplo, ele foi incapaz de modelar a tensão dramática de maneira sólida e de inserir a acção quando ela teria maior impacto. Da forma como se apresenta, o filme é tão emocionante quanto um jogo de vídeo. Falta também um inimigo forte, que consiga infundir receio ao público: nunca vemos todo até que ponto os extraterrestres podem ser uma ameaça, eles estão lá porque tem de haver um inimigo para quem atirar bombas. É um tratamento simples demais, preguiçoso e desleixado. A trama é insuflada de um modo irrealista, concede demasiado ao acaso e perde toda a lógica.
Para coroar o desastre, o filme conta com um elenco onde cada actor está sozinho a fazer o que muito bem entende, posto que o director está resumido a uma figura decorativa. A maior prova disso é Liam Neeson. Ele dispensa apresentações, tem um currículo de fazer inveja e, no entanto, parece desinteressado pela personagem, fazendo o mínimo que tem de fazer para receber o cheque no final. Sejamos honestos, o roteiro também não lhe dá o que fazer, o actor tem simplesmente de estar por ali e parecer imponente. Quem mais se esforçou foi o protagonista, Alexander Skarsgård. Ele parece verdadeiramente dinâmico e empenhado em fazer o seu trabalho funcionar, e eu louvo o esforço dele. Infelizmente, Brooklyn Dekker, com quem faz par romântico, é um pão sem sal intragável e Rihanna prova ao mundo que fez muito bem em tornar-se cantora e não actriz. A personagem dela é tão miserável que podia ter sido das primeiras a morrer.
Em 30 Dec 2024