Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme, com uma grandiosa interpretação de Christian Bale.**
Este filme foi muito agradável de ver. Trata-se de um thriller baseado na paranóia de Trevor, um operário fabril que começa a acreditar que um colega, novato no serviço, está a tentar tramá-lo. Claro, o facto de ele não dormir há um ano (uma forma de insónia crónica que, pelo simples facto de a personagem não ter ido ao médico, custa a acreditar) provavelmente terá algo a ver com esses pensamentos obsessivos. Ao seu lado, espectadora privilegiada do seu drama, a prostituta Stevie, que é, ao mesmo tempo, amiga, conselheira, confidente e interesse romântico daquele maquinista. Ele não tem amigos, não tem virtualmente ninguém, e irá resvalar até à beira da loucura, gradualmente.
O roteiro é, ao mesmo tempo, o ponto forte e o ponto fraco do filme. De facto, a história em si é boa, interessante e prende o público até ao fim... mas convenhamos, tem pouco de original. Lembra muito outros filmes, particularmente "Memento" ou "Clube de Luta" (dois filmes mais antigos, onde Scott Kosar (o roteirista) e Brad Anderson (o diretor) provavelmente foram beber alguma inspiração. Na verdade eu arriscaria dizer que este filme me lembra uma mistura entre estes dois filmes que mencionei, embora isso não retire dele qualquer mérito ou qualidade, claro. Igualmente notável é a performance de Christian Bale no papel principal. A dedicação inigualável do actor fez com que ele se apresente, neste filme, extremamente magro. Vale a pena ver este filme só para ver a forma com que este actor se entrega à sua personagem.
Do ponto de vista técnico, achei muito interessante o uso de cores deslavadas, sem calor, para trespassar para o filme a frieza e ausência de calor humano sentidas ao longo de toda a história. A personagem principal, um homem desenraizado e à beira da loucura, experimenta e é o centro de toda essa frieza. Os jogos de luz e de sombra, a banda sonora, tudo contribui para tornar o filme e obscuro, sombrio.
Em 17 Jun 2019