Autor: Filipe Manuel Neto
**Apenas uma desculpa para mais um filme de vampiros.**
Às vezes, Hollywood gosta de enganar o público e vender ou promover um filme de uma forma que parece uma coisa, mas é outra completamente diferente. Esse foi o caso deste filme. O público que esperava um filme de terror encontrou um filme de aventura; O público que esperava por um filme em torno da história real de Vlad, o Empalador (a personagem histórica que inspirou a criação da personagem de terror de Bram Stoker) encontrou uma mistura de Vlad e Drácula, temperada com os traços imaginativos e irreais que Hollywood gosta. Acontece que misturar realidade e ficção de maneira tão expressiva costuma dar mau resultado. É como uma salada onde alguém colocou o molho errado: tem um mau paladar e não é comestível.
O que este filme fez na prática foi apropriar-se dos nomes de pessoas que realmente existiram e de lugares que podemos visitar para apimentar a antiga lenda de Drácula, já descrita e revisitada por inúmeros filmes. Os "cozinheiros" foram Gary Shore, Matt Sazama e Burk Sharpless, três recém-chegados que queriam fazer o seu primeiro filme e decidiram apostar num blockbuster. Infelizmente para os caloiros, faltou uma razão, um diferencial, porque quase todos os directores de terror e argumentistas já fizeram algo com vampiros. Então, tinham que criar um pretexto para um novo filme, por mais mesquinho que fosse. Os milhões disponibilizados pela Universal, que patrocinou este aborto, fizeram o resto e forneceram a única coisa boa sobre este filme: os efeitos especiais, visuais e sonoros, que enchem quase todo o filme a ponto de sufocar o roteiro.
Mas não pense que temos pena do roteiro! É um roteiro terrível e previsível, que mistura e distorce dados históricos confiáveis, copiando e colando-os em um emaranhado de absurdos e clichés. O desempenho dos actores também não foi grande, mas acreditamos que a culpa não foi o elenco (liderado por Luke Evans, que está longe de ser um novato), mas provavelmente a falta de um director habilidoso, que possa guiar os actores com precisão, enquanto, ao mesmo tempo, exige um texto minimamente decente dos argumentistas.
Nós, portugueses, temos um ditado popular que diz, que "não deve o sapateiro tocar rabecão". Isso significa que cada pessoa deve fazer o que sabe, de acordo com as suas habilidades. Este filme foi condenado ao fracasso a partir do momento em que colocou uma equipa inexperiente por trás. Se às vezes um director ou escritor experiente sente dificuldades ao trabalhar com um blockbuster, o que poderíamos esperar de pessoas que nunca dirigiram um filme ou escreveram um roteiro antes?
Em 25 Apr 2018