Autor: Pedro Quintão
Começo por confessar que a Disney tem-me desiludido nos últimos tempos, sobretudo nos live-actions, onde muitas vezes os filmes parecem desprovidos de qualquer carisma e sem sequer uma réstia de potencial. Por isso, TRON: Ares surpreendeu-me de forma muito positiva. Admito que o início é morno, pois demora um bocado até nos envolvermos dentro do universo, mas assim que a narrativa “entra no jogo” o filme torna-se uma viagem alucinante. Há sequências de ação verdadeiramente intensas, uma trama com que não revoluciona, mas que é capaz de nos deixar curiosos, e uma das melhores estéticas visuais que vi recentemente num blockbuster.
A direção artística é, para mim, um dos grandes trunfos. O uso frequente dos tons de néon vermelhos cria uma identidade visual forte que diferencia Ares de tantos outros blockbusters de ficção científica. O contraste entre o mundo digital e o mundo real é usado com inteligência e o CGI é bastante competente.
A banda sonora com ritmos frenéticos e envolventes acompanha muito bem as cenas de ação e os momentos mais pausados. É um contraste que dá peso emocional a diversas cenas.
Narrativamente, TRON: Ares é mais denso do que muitas pessoas esperavam. Não é um filme que possamos simplesmente desligar o cérebro, pois exige que estejamos atentos à progressão da narrativa, mas ao mesmo tempo não entra por explicações incompreensíveis. Senti que, apesar de reconhecer clichés que existem sempre no género sci-fi, o filme evita os que realmente cansam e evita aqueles twists absurdos que parecem estar lá só porque sim.
Claro que não é perfeito. Não vai mudar a nossa vida, nem vai entrar automaticamente para o top dos meus filmes favoritos, mas isso não significa que seja mediano. Para mim, é um dos blockbusters mais surpreendentes que vi neste ano, pois é capaz daquilo que muitos tentam e não conseguem: entregar espetáculo visual, personalidade estética, som impecável e conteúdo suficiente para não nos deixar a pensar “já vi isto tudo antes”.
Sinceramente, é exatamente isso que um bom blockbuster precisa: entreter com estilo e fazer-nos sair do cinema a pensar “valeu a pena”.
Em 11 Oct 2025