Autor: Filipe Manuel Neto
**Magnífico, é uma declaração de amor a Paris.**
Com este filme, Woody Allen faz, no fundo, uma declaração de amor a Paris, cidade que ele já conhece muito bem e pela qual parece sentir um grande carinho. Além da beleza das cenas da cidade, especialmente na sequência de abertura, o roteiro revisita a história e importância da cidade francesa, enquanto ponto de encontro de artistas e escritores.
A história do filme começa muito bem, apresentando-nos a um casal de noivos americano que veio a Paris aproveitando a viagem de negócios do pai dela. Desde o início que eles parecem um pouco estranhos: ela é bastante frívola e parece sentir que está a fazer um grande favor ao casar-se com ele, além de ser perfeitamente óbvio que os pais dela não aprovam a união; por sua vez, o rapaz é um aspirante a escritor que se cansou de fazer roteiros de Hollywood e quer dedicar-se à escrita e permanecer em Paris, ideias vistas com desdém pela noiva. Porém, tudo vai mudar quando ele, após um desentendimento, volta a pé para o hotel e acaba por ter um encontro com uma série de artistas e escritores famosos da Paris dos Anos 20: Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Picasso, Dali, Buñuel, Gertrude Stein e outros. Isto é, o filme parte de uma situação de comédia romântica básica e cria uma história onde as viagens no tempo acabam por acontecer de uma forma que parece que a personagem está só a sonhar, ou numa ilusão.
Owen Wilson foi impecável no papel principal e dá-nos uma das suas melhores performances sérias, o que não é pouca coisa. Ele é credível e convincente. Igualmente agradável e simpática é Marion Cotillard, que deu vida à “alma gémea” da personagem de Wilson, uma sonhadora e idealista que preferia viver numa página do passado. Além de ser inteligente e sensível, é linda e atraente. Kathy Bates, Tom Hiddleston, Alisson Pill, Corey Stoll e Marcial Di Fonzo deram vida a uma série de artistas e escritores, e cada um fez o seu papel com aprumo e esmero. Rachel McAdams é boa na sua personagem cansativa e irritante.
Tecnicamente, o filme é impecável. A cinematografia é primorosa, tem luz e cor ideais, nitidez e profundidade. As cenas da cidade são magnificas, e é muito fácil vermos o filme e querermos que tudo aquilo seja real. Os cenários são muito bons, e o mesmo se poder dizer da escolha de locais de filmagem, feita com atenção e método. A comédia está bem presente no filme e tem elementos com certa qualidade, sendo nos diálogos e nos trocadilhos que ela prospera. Todo o filme tem um ritmo muito bom, que não cansa o público nem permite que nos alheemos. Por fim, uma palavra de apreço para a banda sonora de ‘jazz’.
Em 01 Aug 2022