Autor: Filipe Manuel Neto
**Falta um director competente para definir melhor este filme, onde o gore excessivo impede que seja adequado ao público adolescente.**
Mais uma vez, os contos dos Irmãos Grimm voltam a ser a base de um filme blockbuster. Estou a lembrar-me, particularmente, do filme *Irmãos Grimm*, de 2005, porque foi um filme que veio muito à minha mente enquanto via este filme. Achei-os muito parecidos, tanto na sua tónica “blockbuster” quanto na estrutura: dois irmãos que caçam bruxas ou se dedicam, de uma certa forma, ao sobrenatural, e que têm de impedir um ritual maléfico envolvendo uma série de crianças de uma cidade qualquer do centro da Europa.
O enredo do filme quase dispensa apresentações, todos conhecemos o conto original. O filme parte dessa base e conta-nos a forma como Hansel e Gretel cresceram para se tornarem os mais temíveis caçadores de bruxas do seu tempo. Explora também um pouco o passado e a relação mal resolvida com os pais deles, mas não vai além disso. O filme foi dirigido por Tommy Wirkola, que eu nunca ouvi falar e parece bastante amador na sua maneira de dirigir. Basta dizer que o filme não sabe se é de terror, de acção ou de aventura. Podia ser um blockbuster de acção e aventura para adolescentes e jovens adultos, mas o director abusou do gore, do sangue e da violência gráfica. Eu senti-me a ver um jogo de vídeo violento e não um filme de qualidade, e a violência das cenas de carnificina leva-me a desaconselhá-lo para adolescentes menores de idade (vocês, pais, leiam bem isto).
O elenco é liderado por dois jovens actores, Jeremy Renner e Gemma Arterton. Ambos parecem estar totalmente à altura do desafio que lhes é proposto, são elegantes, atraentes e carismáticos o bastante para assegurarem uma liderança eficaz. O problema mais palpável aqui é o material desinteressante e amorfo que receberam, e a ausência de um director competente, capaz de os orientar de maneira a tirar o melhor dos actores. O resultado é um duo de actores que parecem dois ‘cowboys’, pela sua atitude e fanfarronice. Muito mais convincente, Famke Janssen brinda-nos com um trabalho carregado de malícia e perversidade agradável, que se encaixa bem na sua personagem e no filme em geral. Também gostei do trabalho de Peter Stormare e Pihla Viitala, dois actores secundários que ajudam o filme a ter alguma vida e movimento.
A nível técnico, o filme aposta tudo no CGI de qualidade, realista o suficiente para parecer bem e nos dar uma cinematografia visualmente elegante e credível, a que se juntam bons cenários e figurinos visualmente impressionantes (particularmente o de Arterton). Sendo uma história de fantasia, há algum espaço para o uso da imaginação, e isso reflectiu-se nos figurinos e também nalguns adereços, como o armamento usado pelos dois irmãos, que vai de bestas até ao que se parecem ser caçadeiras e metralhadoras pesadas. Os créditos iniciais pareceram-me muito bem feitos e fazem uma boa introdução ao tema do filme. A banda sonora inicialmente parecia-me um pouco histriónica, mas acabei por concluir que se encaixou satisfatoriamente no conjunto final.
Em 22 Aug 2021