Autor: Filipe Manuel Neto
**Grandioso.**
*Há Lodo No Cais* é um clássico que infunde respeito em qualquer apreciador de cinema. A forma como o filme explora os diálogos e as capacidades interpretativas do elenco é o que ele tem de melhor: os actores têm um excelente material e foram brilhantemente dirigidos por Elia Kazan. O resultado é evidente: um filme que também é uma obra de arte e uma peça de cultura e memória, que arrecadou oito Óscares naquela época (Melhor Filme, Melhor Actor, Melhor Actriz Secundária, Melhor Director, Melhor Cinematografia a Preto-e-Branco, Melhor Argumento, Melhor Direcção de Arte, Melhor Edição), o que é sempre um feito.
A história do filme é muito interessante e gira em torno do controlo que um pequeno grupo de criminosos exerce sobre um sindicato de estivadores nova-iorquino: após o assassinato de um estivador, o jovem ex-pugilista Terry Malloy começa a distanciar-se do chefe mafioso Johnny Friendly e, em boa medida incentivado pelo Padre Barry, opta por denunciar o que se passa às autoridades, consciente de que pagará as consequências.
O ponto mais forte do filme é a sua história excelente, e a forma eloquente e excelente como o elenco trabalhou e representou, reforçado por diálogos memoráveis e de enorme qualidade. O filme está recheado de frases dignas de citação e de momentos antológicos, como o grandioso e tenso diálogo entre Terry e Friendly no banco de trás do táxi ou a caminhada sofrida e cheia de dor de Terry, mesmo na parte final do filme. Sempre disse que uma boa história e actores capazes são a chave para se conseguir um grande filme, e *Há Lodo No Cais* é a prova dessa minha ideia: dispensando artifÃcios, efeitos e decorações, foca no essencial e consegue tudo o que quer.
O grandioso elenco é excelentemente dirigido por Kazan, que conseguiu com este filme um dos trabalhos mais sonantes e marcantes da sua carreira como director. Marlon Brando é um bom actor e consegue o estrelato com este filme, onde ainda estava longe dos papéis do ocaso da carreira dele. Lee J. Cobb é muito bom no papel de mafioso: discreto, deu à personagem uma personalidade que oscila perigosa e rapidamente entre a simpatia e a brutalidade. Eva Marie Saint é extremamente eficaz no papel dela, embora o filme seja pouco talhado para as personagens femininas e ela apareça, apenas, para ser o interesse amoroso de Brando e a irmã do estivador morto. Karl Malden dá vida à personagem mais humana e mais influente de todo o filme: um padre católico que não se coÃbe de utilizar o púlpito para combater aquilo que ele entende ser mau e perverso, mesmo que eventualmente tenha de sofrer.
Tecnicamente, é um filme extremamente discreto. Não há efeitos visuais ou especiais que vão muito além do mais básico. A cinematografia, a preto-e-branco, é muito boa e está carregada de uma elegância muito bem-vinda. Os cenários e os figurinos são igualmente bons e estão de acordo com o perÃodo, o ambiente e o contexto social. A banda-sonora não é particularmente impressionante, mas aposta em temas de jazz elegantes e suficientemente agradáveis.
Em 03 Nov 2020
Autor: Yuri Menezes
**Sindicato de Ladrões** é um clássico indiscutÃvel do cinema que dispensa apresentações.
A interpretação de **Marlon Brando** é tão icônica quanto o próprio filme.
Uma aula de suspense e intriga em preto e branco, a obra prende o espectador do inÃcio ao fim na frente da tela.
Explorando temas como corrupção, lealdade e a luta por justiça.
Em 27 Sep 2024