Autor: Filipe Manuel Neto
**Um épico, algo teatral mas electrizante.**
Estamos diante de um dos mais consagrados épicos bíblicos já feitos e da "magnum opus" de Cecil B. DeMille. A história é bem conhecida, a maioria das pessoas conhece a Bíblia mesmo sem a ter lido.
No que diz respeito ao trabalho do elenco, é óptimo, mesmo se considerarmos que são excessivamente teatrais e falta aqui alguma veracidade e naturalidade, essencial para jogar no cinema. Charlton Heston é o grande actor do filme, no papel de Moisés. Yul Brynner também foi excelente como faraó Ramsés, tal como Anne Baxter no papel de Nefretiri. Edward G. Robinson surpreende no papel do hipócrita Dathan.
Mas o que torna este filme particularmente intenso é a beleza que tem. O cenário é um dos maiores que Hollywood já fez, com milhares de figurantes com roupas de época cuidadosamente detalhadas. Tudo foi pensado ao pormenor e nós adorámos este espectáculo visual. Naturalmente, a precisão histórica foi deixada em segundo plano. DeMille tinha a sua escola na Broadway e talvez não desse muita importância aos detalhes históricos, mas sabia como fazer um grande espectáculo. Os efeitos visuais e especiais são bastante realistas, o estado da arte do cinema da época, e ainda podem parecer credíveis hoje, mais de cinquenta anos depois da estreia. A banda sonora de Elmer Bernstein é estridente, apostando fortemente em metais e percussão, num estilo claramente sinfónico que foi pensado para tornar tudo ainda mais grandioso.
Resumindo: é um épico consagrado que muitas pessoas ainda vêem, quase religiosamente, na Páscoa, pela televisão. O grande problema do filme é o diálogo e a actuação teatral. Parece teatro. Mas podemos perdoar essa falha porque é mais ou menos ofuscada pelo espectáculo visual e sonoro.
Em 08 Jul 2018