Autor: Filipe Manuel Neto
**Piroso.**
Nascido na China, John Woo tornou-se num dos directores mais conhecidos do cinema de Hong Kong, que se destaca pelos intensos e exagerados filmes de acção. Apesar de ser feito nos EUA, este filme não deixa de ter a marca do seu director e de parecer exagerado demais. Para quem quiser simplesmente “desligar o cérebro” e aproveitar uma boa dose de entretenimento esquecível, pode ser o filme ideal. No entanto, dificilmente se poderá dizer que é um filme marcante ou sequer bom. É meramente decente dentro do estilo que o seu director costuma seguir.
A história gira em torno da extrema rivalidade pessoal entre Castor Troy, um terrorista de gabarito internacional, e Sean Archer, agente federal norte-americano que dedicou toda a sua carreira a tentar colocá-lo atrás das grades. Quando o consegue prender, vem a saber que há uma enorme bomba escondida algures em Los Angeles, e o irmão do criminoso só vai falar da bomba com o irmão, que está entre a vida e a morte. É então convidado a “trocar de rosto” e de identidade com o bandido na esperança de conseguir descobrir, e desactivar, o engenho explosivo.
Não há grande coisa para dizer sobre este filme: ele é o que é, e é honesto nessa postura. É ridiculamente exagerado em quase todos os aspectos: a acção é inchada, as personagens são histriónicas (em particular o vilão), a escrita e os diálogos são forçados. Confesso que a única coisa que consegui “engolir” foi a história do transplante de face porque isso veio a suceder factualmente, deixando, assim, o terreno da ficção. No entanto, quase tudo no filme é esticado e insuflado como um enorme balão de hélio. Sobre os actores: Alessandro Nivola é talvez o mais contido e o que mais me agradou, mas a personagem dele está num lugar tão secundário que não podia fazer nada pelo filme, podendo o mesmo ser dito para Joan Allen; Dominique Swain faz pouca coisa, e o pouco que faz é mal feito; Travolta é, em boa medida, elevado ao triplo da estupidez por um roteiro que maltratou muito a sua personagem; no entanto, é Nicolas Cage que sobressai, com uma interpretação pirosa. E não tenho mais nada a acrescentar.
Em 24 Dec 2024