Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma pérola esquecida.**
Este filme foi projectado para harmonizar duas artes: o cinema e a música. Quando estreou, a música clássica era ainda o melhor para a maioria das pessoas, mesmo levando em conta a popularidade do jazz de orquestra. Se tivesse sido feito hoje, provavelmente, a escolha musical seria diferente. As pessoas não têm paciência para ouvir uma música longa, que não foi pensada para ser dançada aos pulos, com um copo na mão e um dedo apontado ao Senhor no céu. As crianças de hoje têm consumido lixo musical desde o nascimento, e não é de surpreender que o filme tenha acabado esquecido. Eu não vi o filme na infância, mas vi-o como adulto e recomendei-o a alguns amigos, que têm filhos pequenos. Mesmo que algum dia não gostem desse tipo de música, está provado o quanto ela é boa para crianças.
De facto, este é um dos aspectos mais positivos deste filme ou do seu sucessor, "Fantasia 2000": as crianças obtêm bons estímulos visuais e sonoros. E o filme é lindo: a qualidade da animação é muito boa e está bem integrada no ritmo da música. A sucessão das canções, intercaladas com a explicação narrada, copia um pouco do que podemos encontrar num concerto ao vivo, e a direcção da orquestra de Leopold Stokowski, um dos grandes maestros do século XX, é irrepreensível. O grande problema deste filme é óbvio: já que é praticamente um concerto, vai directamente para o lixo se não gostar deste tipo de música.
Em 21 Jul 2018