Autor: Filipe Manuel Neto
**Com mais dinheiro envolvido, o filme vai um pouco além do nível do seu antecessor, mas não traz verdadeiras surpresas.**
Este filme é a continuação de “Thor” e mais um bom filme para ver com um pacote grande de pipocas ao lado. Não é um filme feito para ser profundo, nem para fazer pensar o seu público. É puro entretenimento, acção, efeitos visuais e CGI de grande impacto e notável qualidade técnica.
Dirigido por Alan Taylor, que substituiu Kenneth Branagh, o filme apresenta-se algo mais denso e maduro que o seu predecessor directo. Também me parece que a Marvel investiu mais dinheiro neste projecto, convicta de que era mais uma franquia multimilionária para fazer render uns milhões de dólares. A equipa de efeitos visuais e de CGI é provavelmente a que mais dinheiro requisitou, mas o dispêndio compensou: o filme é verdadeiramente digno da tela grande e ganha uma dimensão épica se o virmos no cinema, com todos os requintes que uma boa sala com tecnologia de ponta nos pode dar. Até mesmo a “home theater” mais cara do mercado é incapaz de nos dar a verdadeira dimensão do espectáculo visual e auditivo que o filme nos quer proporcionar. A banda sonora, da responsabilidade de Brian Taylor, contribui pelo seu lado conferindo um tom verdadeiramente aventureiro e épico às cenas de acção, sem deixar o coração de lado nos momentos mais intimistas e românticos. Os cenários feitos em estúdio, com recurso óbvio a muitas telas verdes, são bons, assim como os figurinos, em especial o de Thor, Loki e os seus companheiros.
O desempenho do elenco também não deixa a desejar. As fãs de Chris Hemsworth, que adquiriu estatuto de sex symbol com estes filmes, podem deliciar-se com os esforços do actor e invejar Natalie Portman, que volta a dar vida ao seu par romântico. Para mim, em particular, Hemsworth manteve o nível que trazia do filme anterior, mas não foi realmente capaz de ser profundo e emotivo nas cenas que requeriam maior dose de sentimento. Por sua vez, Portman não tem verdadeiramente muito o que fazer além de ser desejável e de acompanhar o seu amado por onde ele vai, ajudando-o ocasionalmente. O sempre fiável e seguro Sir Anthony Hopkins tem um papel mais sólido neste filme, com material muito melhor e mais bem escrito, e corresponde adequadamente com um esforço mais sólido. Tom Hiddleston também tem tempo para parecer mais do que apenas um ser detestável, e aproveita a oportunidade ao máximo. Infelizmente, Chris Eccleston está limitado a ser uma marioneta que anda e fala e Stellan Skarsgård parece ter perdido o amor-próprio ao aceitar um material tão infame quanto o que lhe foi oferecido aqui.
De facto, onde eu mais senti problemas foi na escrita e desenvolvimento do argumento escrito, responsabilidade de Ashley E. Miller e seus companheiros. A história de base é boa e adequa-se muito bem ao ambiente e universo das personagens, mas o diabo está nos detalhes! Há realmente problemas de lógica difíceis de resolver. Por exemplo: ao longo dos dois filmes, Asgard foi retractada como uma espécie de potência militar que é capaz de se defender de qualquer ataque e, também, ajudar outros universos e manter um clima de paz e concórdia entre todos, mas neste filme vemos a fragilidade das suas defesas e a maneira quase pueril como um ataque de surpresa conseguiu ser devastador. A questão dos buracos de verme entre mundos provocados pelo alinhamento também é bizarra e faz levantar questões se pensarmos demasiado, coisa que o filme definitivamente não quer que façamos. Há também a questão de Loki: ele mostrou-se desprezível e traiçoeiro até à medula, e mesmo assim Thor perdoa-o quase instantaneamente e coloca a sorte da missão que vai fazer nas mãos do irmão… isto é ingenuidade infantil ou vontade de ser traído!
Em 19 Mar 2025