Autor: Filipe Manuel Neto
**CGI e mentiras históricas.**
Confesso que tive alguma curiosidade sobre este filme. Filmes de desastres com vulcões não são novos ("Vulcão" e "Cume de Dante" são bons exemplos), mas um filme sobre um facto histórico tão dramático quanto a destruição de Pompeia (e da cidade vizinha de Herculano) em 79 d.C. é algo incomum. Infelizmente, é muito mais fraco do que eu pensava que seria.
O enredo é simples: um celta, preso e escravizado após os romanos massacrarem o seu povo, torna-se um gladiador de sucesso e chama a atenção de uma rica romana, muito desapontada com a crueldade da sua cultura. Acontece que ela está noiva, contra vontade, do responsável pelo massacre onde a família do escravo celta pereceu. Assim, a erupção do vulcão pode ser a oportunidade de fugir ou até de acertar contas.
A influência de filmes e séries como "Gladiador", "Roma" e "Spartacus" é clara mas o roteiro foi mal desenvolvido e há personagens tão básicos que podemos resumi-los numa única palavra. Outro problema que vi foi a parcialidade do enredo, demonizando a civilização romana. O final até tenta ser imprevisível mas não é capaz disso, além de tornar tudo muito melodramático. E quanto ao rigor histórico... esqueça. Quem escreveu o roteiro ignorou os factos. Aquelas bombas de lava e o tsunami são pecados que atentam contra a inteligência de quem sabe o básico do que realmente aconteceu em Pompeia.
Paul W.S. Anderson tem péssima fama como director mas este foi o seu primeiro filme que eu realmente vi. Neste caso concreto, dou razão às críticas: ele é um director fraco, deslumbrado pelo CGI e incompetente na direcção do elenco e do roteiro. Em relação ao elenco, há alguns nomes pesados como Kit Harington, Emily Browning e Kiefer Sutherland, mas as performances foram geralmente medíocres. É verdade que as personagens são básicas mas os actores também não defenderam as suas personagens. Browning, por exemplo, não conseguiu nenhuma química com o seu par romântico. Esse amor intenso que devia existir nunca está lá e tudo soa artificial. Sutherland, que era o vilão, é simplesmente teatral e histriónico. O melhor actor aqui foi Akinnuoye-Agbaje, com uma performance bem capaz de harmonizar força e presença com profundidade e drama psicológico.
Visualmente, o filme é uma festa de CGI e de efeitos visuais e sonoros, de boa qualidade e com muito impacto, principalmente na segunda metade do filme. A fotografia ajuda, dando ênfase às cores quentes e com a câmara a mover-se rapidamente nas cenas de acção. O problema é que esses foram os únicos aspectos em que o filme foi bom e isso não é suficiente para o tornar bom. Isso só o torna suportável.
Em 01 Sep 2018