Autor: Filipe Manuel Neto
**Pouco ortodoxo e criativo, mas às vezes decepcionante.**
Este foi, sem dúvida, um dos filmes mais originais e criativos que já vi. Não é um filme perfeito, não é óptimo, mas é bom.
A história toda gira em torno de um homem que sofreu uma lesão cerebral que lhe torna impossível manter a memória de longo prazo a partir daquele momento. Ele está, no entanto, empenhado em descobrir e punir um assassino, recorrendo a notas post-it, tatuagens e fotografias Polaroid, onde vê o que descobriu. É uma ideia muito interessante, depois revisitada em "Antes de Adormecer", que aborda uma história similar.
A maneira como a narrativa é construída, com múltiplas reviravoltas de linearidade, ajuda a engrossar o mistério e prender a nossa atenção, mas pode ter o efeito oposto em pessoas que não entendam o filme desde o início. Isso acontece porque, a partir do meio, o filme perde ritmo e interesse. O final funciona bem, mas pode realmente decepcionar, como me decepcionou. Não queria que o final fosse do modo que foi.
Guy Pearce é o protagonista e fez um trabalho razoável, bem como a generalidade do elenco, mas o filme não é exactamente um espectáculo de interpretação para nenhum dos actores envolvidos. Vale a pena, essencialmente, pela história original que conta e pela maneira como a decide contar.
Em 29 Jun 2018