Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme, que foi bem usado para propaganda anti-nazi.**
O primeiro filme falado de Charlie Chaplin, mais famoso pelos seus filmes mudos, é também um dos mais marcantes da sua carreira, na medida em que é uma divertida sátira, profundamente crítica, à Alemanha Nazi. De salientar que Hitler era um admirador do trabalho de Chaplin, a ponto de lhe copiar o bigode. Duvido que isso tenha continuado depois deste filme, mas nunca saberemos.
O filme em si é divertido e foi habilmente utilizado como material de propaganda anti-nazi dentro e fora dos EUA. Não é bem uma comédia... é mais uma sátira. Pessoalmente, não tive problemas com um Hitler divertido ou em rir do Terceiro Reich. A forma como Chaplin caricaturou Hitler torna-se pertinente em face das atitudes do monstro alemão. Por vezes, satirizar é uma forma de dizer coisas muito sérias sem que isso pareça pesado. Talvez ainda mais pesada e profunda seja a interpretação que Chaplin faz como judeu neste mesmo filme. Não é divertido, ele nunca faz piadas da forma como os judeus são tratados, pelo contrário: mostra bem a brutalidade e o abuso das autoridades e dos soldados.
Os diálogos são excelentes, especialmente o famoso discurso final onde Chaplin faz, verdadeiramente, um apelo político declarado e evidente. Os adereços, figurinos e cenários também são muito bons. Além de Chaplin, que carrega o filme às costas, o elenco conta com Paulette Goddard, Jack Oakie e Reginald Gardiner, todos eles muito bons mas sem capacidade para roubar o brilho ao protagonista.
Em 15 Mar 2020